terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Desejos implícitos para um ano profético


Muito se fala nesse fim de ano sobre espírito de Natal (ou espírito de Fiurex) e sobre boas vibrações para o ano novo.
Bom, para iniciar a reflexão, como comentou Rosana Hermann em seu twitter num dia desses, aquelas pautas repetidas dos programas de entretenimento com simpatias para que o ano entrante seja melhor indicam que ninguém tem tido um ano com as realizações que desejava.
George Michael já diria que nós raramente escolhemos o que vamos aprender com a vida. Ou algo parecido. Anyways.
Não acredito em nada disso. Não sinto a presença do espírito de Fiurex nos dias próximos ao Natal, e nem acredito mais na sorte porque um ano substituirá o outro.
Ano passado. Minha mãe assistindo Eliana. Porra nenhuma, ela dormindo e a TV me incomodando. Previsões de mãe Diná (ou alguma substituta) sobre os signos, e ela disse que, para o meu signo, 2011 seria o ano do amor. Eu posso rir agora ou deixo para o ano que vem? HA.
Mas eu vim aqui a este meu diário para eternizar uma ideia genial do CCBB educativo. Vejamos.
Semana passada, fui com a @jugulae ao CCBB ver a exposição da Índia. Faz tempo que não frequento esses programas culturais, então prefiro não comentar muito pelo risco de acabar falando alguma asneira. E também não falo porque o que mais me chamou a atenção na ocasião foi uma pequena árvore de Natal construída com folhas, nas quais participantes de atividades do CCBB colocaram seus desejos e seus votos para o ano de 2012.
Nessas folhas, podemos perceber todos os verdadeiros sentimentos que estão por trás dos escritos:

O desespero,

A urgência em conhecer melhor a sua língua mãe,


A vontade de resolver todos os seus problemas da maneira mais conveniente e mais rápida,

O incurável espírito de porco,


A ganância e a tão sonhada vida burguesa (ah, e adoro o destaque à folhinha no canto inferior direito, com um pedido para uma UPP),

A inveja, a cobiça ao homem alheio e o sentimento autodestrutivo.

Qual é o fundo de verdade de todos os pedidos que você faz para si mesmo?

Bom, não sei o que quero para o ano que vem. Não sei de nada. Só sei que este será o ano mais solitário de toda a minha vida, pois terei uma quantidade infinita de decisões a tomar e sei que vou estar absolutamente sozinha em todas elas. E isso torna 2012 um ano definitivo.
Para concluir, deixo como trilha sonora para este momento uma canção que definiu esta tarde no CCBB. Já que, segundo a definição criada pela @jugulae, nos últimos meses eu venho fazendo a Kátia por diversas vezes (especialmente em um dia marcante de um pacato novembro), fica a nossa reflexão sobre a vida:



Não está sendo fácil.... 

P.S.: Um abraço de bom natal e próspero 2012 para todo o povo de Piabetá!

domingo, 18 de dezembro de 2011

Playlist - It might be you

Enquanto você comemora o fim do ano com bebidas de alto teor alcoólico, eu brindo à vida preenchendo minha alma com canções de alto teor melancólico.

E fico tão bêbada quanto você. Olha que bom.



sábado, 10 de dezembro de 2011

Vou procurar um abrigo e me alimentar da música (que eu fiz para você)

Hoje estou particularmente feliz.
Terminei um curso preparatório para concursos, depois de quatro meses de aulas longas e cansativas aos sábados e estudo continuado ao longo da semana. Além dos resultados positivos nos concursos que eu fiz, resultados que considero positivos para mim a título de auto-avaliação, considero que este é um dos motivos pelos quais eu vivo. Conhecer, estudar, mergulhar de cabeça na ciência e na teoria para poder saber de onde partir quando a hora da prática verdadeira chegar.
Hoje cheguei em casa com aquela sensação de dever cumprido e de alma lavada pelo meu esforço e pela minha luta diária.
Logo, considero que o hoje tornou-se um momento propício para voltar um pouco no tempo e revisitar todos esses meses que se passaram.
O ano de 2010 não foi um ano muito bom para mim. Eu passei por muitos momentos de estresse, tanto no convívio com os amigos, com a minha saúde, e até com a faculdade. Foi difícil não se deixar levar pela tristeza profunda que anda ao meu lado desde sempre e quando eu me fragilizo, ela me abraça de tal forma que é difícil de largar. E assim fechei o ano, ouvindo muita música depressiva de George Michael e me recuperando de uma cirurgia.
Logo, eu não comecei um 2011 com perspectivas positivas. Estava tudo nebuloso.
Nesse momento, comecei a lutar para conseguir uma vaga de estágio. Muitas burocracias, muitos desesperos, muitos momentos em que pensei que ia perder o estágio... Mas eu consegui. E foi uma das grandes experiências da minha vida até agora.
Antes de iniciar o estágio, fui ao Ceará visitar meus avós, afinal, não sabemos se Deus nos dará esse privilégio novamente. E o que seria um período de descanso, virou período de cuidado. Com minha avó doente e teimosa, minha mãe e eu assumimos o comando da casa. Mais a minha mãe, claro. Meu avô, a coisinha mais fofa do mundo, com aqueles olhinhos azuis e bochechinhas, via todos os dias a novela das seis, Araguaia. E mesmo que eu não gostasse daquela novela para nada, ficava ali, silenciosamente lhe fazendo companhia. Meus primos todos, meus tios de quem sinto saudades. Foi uma boa viagem, no fim de tudo. Só espero melhorar de vida o suficiente para não ter mais que ir para o Ceará de ônibus. Sim, a minha mãe fez isso.
Voltei e me enfiei no meu estágio de nutrição social. Posto de saúde, velho conhecido, aquele grande prazer de trabalhar com o público, sempre apreendendo tantas coisas boas e tantas reflexões dessas experiências.
E lá fui eu para o estágio que havia conseguido lááá no início do ano. Um hospital pediátrico importante para a rede de saúde, no qual comecei do zero. Uma experiência que ensinou a estudar pela necessidade de aplicar um conhecimento em prol de casos reais. Completamente diferente de sentar a bunda numa cadeira e escrever olhando para um slide. Completamente.
Aí, você reflete sobre muitas coisas. A doença que acomete a criança, a doença crônica da criança, a doença que vai matar prematuramente uma criança. Difícil? Muito. E aí quando você começa a ver coisas que só existiam nos livros. Rosário raquítico, criança de 8 meses com 3 quilos, crianças que nasceram no hospital e não conseguiram sair dele. Situações tão complexas e que exigem sensibilidade. Não digo que exige sangue frio, pelo contrário. O que te exige é saber que a criança no hospital é uma criança como outra qualquer. Você pode brincar com ela, dar carinho, atenção. O que aumenta é a tua responsabilidade no cuidado daquela criança. E é uma experiência linda, foi uma experiência linda. Começam a surgir os rostos e as histórias na minha cabeça. Uma plena lição de vida, diariamente.
E depois, lá fui eu para o estágio de produção em um hotel requisitado na Orla de Copacabana. O trabalho em restaurante, especialmente em hotel, não é minha praia. Não te recompensa como profissional. Você quase que implora para ter o mínimo de respeito e reconhecimento, é esta a conclusão que eu cheguei. Só agradeço pela comida de graça, que foi muito boa em algumas ocasiões, especialmente o pão de damasco e o croissant de chocolate, que eu sei que nunca mais comerei iguarias tão especiais em minha vida. Nossa.... Isso faz falta. E nesse lugar tão esquisito, onde tive momentos de muito estresse, também aprendi muito (porque a gente também aprende na porrada) e fiz uma amizade muito especial, o destino me arranjou uma grande parceira no meio dessa Torre de Babel que eu me meti. Aconteceu, durou o tempo que tinha que durar, acabou. Todos digam amén.
E no meio disso tudo, a vida pessoal deu uma completa desestruturada quando minha mãe teve um incidente ridículo e quebrou o pé. E aí, eu com trezentos compromissos, tinha que cuidar dos assuntos externos da casa. Não foi fácil, por mais que tenha sido um período curto. E isso me preocupa até hoje, porque me mostrou como somos frágeis 'socioeconomicamente' falando. Se não fosse uma estratégia de unir licença a férias, eu não sei como teríamos honrados as dívidas em tempo viável. Isso me impõe aquela responsabilidade de que tenho que contribuir para a casa, mas essa questão esbarra em tantos complicadores... Enfim, foi um fato que me deixou alerta.
E lá fui eu, do meu último dia no estágio em pediatria não tive um dia de folga, pois na semana seguinte já estava em outro lugar. No meu estágio atual, que até pela complexidade do local acaba me incentivando a refletir sobre tantas coisas que cabem mais para o Nutrindo a Mente... O mais engraçado é que lá, eu comecei nada mais, nada menos do que na Pediatria! ahushauhaush
Foi curtinho, mas foi igualmente ótimo.
E nesse momento, eu queria dizer que desse período, o mais importante para mim foi o Edu. Ele fica como lição, como aprendizado, como meu exemplo, incentivo, motivo e dedicação. O Edu era um paciente oncológico que eu vi definhar e perder tudo aquilo que é tão próprio de uma criança. No dia 13 de outubro, logo após o dia da criança, levei um Chaves de pelúcia para o Edu, afinal esta é uma data especial para todas as crianças. E eu vi que obviamente ele se interessou pelo brinquedo (ele sempre via Chaves na tv do quarto) e vi o esforço sobrehumano que ele fez para tentar observar o brinquedo, tentar interagir, tentar... E não conseguir. Ele queria tanto poder brincar, eu senti aquilo nitidamente. Mas já não conseguia. Porém eu nunca deixei de acreditar que ele era uma criança, e que devia ser tratada como tal. E que ele merecia toda a minha esperança.
No dia 27 de outubro, o Edu foi embora. E aí eu fiquei pensando que porra é essa de Deus escrever certo por linhas tortas nessa magnitude. O que esse menino tinha feito de mal para a vida, ou porque justo ele tinha que ser um veículo para dar algum tipo de lição em alguém, com esse nível de sofrimento que eu não posso nem tentar mensurar em palavras?
E aí, o Pietro nasceu.
E a vida é assim, é um ciclo, é uma roda viva que não nos cabe entender por completo. Só nos basta amar.
E eu queria dizer e deixar aqui eternamente registrado que o amor que eu carrego por esse menino é algo que significa muito para mim. E eu queria dizer que eu tenho o único Chaves de pelúcia do mundo que se chama Eduardo.

Saindo um pouco mais dos fatos e indo um pouco mais para as sensações e os momentos, foi um ano importante para a construção do conhecimento. O curso que eu concluí hoje me trouxe muitas coisas boas, uma nova perspectiva de vida, até. Um novo objetivo, e me trouxe uma noção de foco e de competitividade que eu aceitei de bom grado. Agora que eu sou concurseira, eu filtro tanto as informações, que talvez posso até parecer uma pessoa completamente alienada. Mas é pura questão de foco, cara, você tem que ocupar a sua mente com aquilo que vai te produzir um resultado. E eu preciso de um resultado efetivo e rápido. Preciso de estabilidade, preciso de um emprego, preciso de experiência, preciso de tanta coisa... E o que eu menos tenho é tempo. Esse me escapa entre os dedos. Faltam vinte dias para acabar o ano e eu tenho uma lista interminável de coisas para fazer até que 2012 chegue sem pedir licença.
Percebo que amadureci como profissional, mas não é o bastante. Preciso alcançar tantas e tantas coisas que nem posso enumerar. A principal missão do ano que vem é me formar e fazer a minha monografia. Pena que a ordem dos acontecimentos é inversa. Eu preferia mil vezes, me formar, resolver minha vida, ter a segurança de ter um emprego e uma graninha, para depois voltar e fazer a monografia.
É complicado quando você tem que interpor interesses acadêmicos com os interesses da sua sobrevivência. Eu estou sempre em risco financeiro, porque vida de estagiário é fueda. Eu fiquei um mês sem bolsa e estou devendo dinheiro a minha mãe até hoje.
Quando você fica quase seis anos dentro de uma faculdade, a cobrança externa é muito grande... Querem que você recompense quem te sustentou esses anos todos o mais rápido possível. E eu sei das minhas responsabilidades mais do que ninguém, porra, não preciso de ninguém me lembrando. E o que mata é essa pressa, que é real. Para que você tenha uma noção, querido leitor, por conta desse problema de INSS, férias, etc, o salário desse mês recebido foi de seiscentos reais. Para quem paga aluguel, você pode supor o que deve ter sobrado desse valor. A sorte é que estamos em um mês com parcela de décimo terceiro, senão, meu, sei lá, ceia de natal ia ser farofa de ovo e franguete Rica assado e olhe lá, hahaha!
A sensação de que não tem ninguém que possa te render é muito ruim, muito ruim! Eu estou com medo de 2012, porque eu vou ser jogada numa realidade completamente estranha e vou ter que achar uma solução em dias. Eu vou ter que achar. Não posso, não tenho como esperar.
O mundo seria lindo se eu pudesse ficar em casa durante oito meses estudando e me preparando para a prova da residência do IESC, que é a prova que realmente eu queria fazer, mas é impossível. Completamente. Mas quem sabe... O que vier primeiro, eu vou aceitar de bom grado.
Eu pensei que esse ano seria mais um lixo para ocupar meu tempo vital, mas até que ele me proporcionou coisas legais. Eu voltei novamente para a companhia dos meus amigos, não com o tempo que eu gostaria, por conta dos compromissos; eu testemunhei a felicidade dos amigos de maneiras distintas, de diferentes distâncias, mas sempre tentando estar presente, na medida do que é possível (os casamentos das amigas, o nascimento do meu sobrinho, entre tantos); eu me apaixonei, ainda não sei avaliar se isso é bom ou não (tendendo a achar que eu vou me ferrar nisso), mas é todo um processo, como diria uma velha amiga; e eu reavaliei muitas e muitas coisas de mim mesmas, talvez em consequência da informação expressa anteriormente.
Às vezes, surgem momentos de angústia, em que a tristeza quer dar um upa-tipo-telettubbie na gente, mas acontece que eu não posso permitir. Eu tenho que estar ativa, operante, alerta e vigilante para as coisas que me rodeiam, e isso tudo só atrasa a evolução da minha vida. Só me puxa para baixo. E eu já tenho uma escoliose direita e uma falta de grana crônica que já me puxam para baixo, não preciso de mais motivos.
Todo esse processo de autoconhecimento que eu tento implantar em mim como se fosse um sistema de APPCC (aula de hoje, desculpa) me exige demais em um período que eu não tenho tempo. Por isso, às vezes, eu tenho uns leves surtos. Parece que não estou disponível para entender a mim mesma. Mas isso vem servido para construir as minhas possibilidades, as minhas limitações, os meus desafios viáveis. E aquele calcanhar de Aquiles, aquele ponto fraco que incomoda, que destrói sonhos, que impossibilita vislumbrar determinada realidade no futuro. É foda isso. Como eu disse a Lua, é ruim para mim, uma pessoa que lida sempre com objetivos a alcançar, com metas e com desafios sempre instigantes, e que consigo alcançá-los na maioria das vezes, saber que há situações, coisas e traços da minha personalidade que vão me impedir de conquistar certos momentos. Aquilo que eu mesmo construí, ou que veio de fábrica, e que me priva de um momento, que é único e insubstituível, é um troço que me desaponta. E aí abre-se a brecha para o Thinky Winky me dar um abração de urso.
Mas eu serei firme. Porque, para você, tristeza que imobiliza e que não constrói a renovação, é hora de dar tchau.