sábado, 20 de junho de 2009

Eu não faço silêncio porque amo tudo que sinto e percebo....???

Essa semana fui ao teatro (2ª vez)! Sabe aquelas coisas que você olha diz: “cara, não posso deixar passar!”. Então, quando olhei cartaz do “Trilogia Brasileira” dando sopa pela cidade, não perdi tempo e fui ao computador (da faculdade, diga-se de passagem) pra ver onde, quando, como ir até ela.

Como o espetáculo é daquele tipo que não se sabe se as pessoas que eu conheço vão gostar, não fui muito longe para encontrar uma companhia: tenho uma dentro de casa, mamãe. E o melhor, ela paga! Haha.

E quando se abrem as portas da esperança, lá está o digníssimo Michel com seu look nem um pouco chamativo, com sobretudo e galochas pretas. Na mão, a corretinha do cachorro... cachorro? Na verdade, foi uma nota de 2 reais que ficou na ponta, e na verdade quem bebia água na tigelinha do dog era o próprio a(u)tor.

No meio do público, ele pede dinheiro. É isso aí, pro espetáculo ter dinheiro pra poder viajar pelo Brasil! Foi a todos os lugares, pediu a colaboração dos presentes. E para os fumantes, uma proposta irrecusável: não é permitido fumar no teatro, mas se faz parte do espetáculo, não há objeção. Então, se a pessoa desse dois reais, poderia subir no palco e fumar. A menina que foi até dividiu o cigarro com o a(u)tor.

Só que tem uma coisa que me esqueci de comentar.

Como eu disse, é uma trilogia, e esse seria o segundo espetáculo da trilogia. Quer dizer, eu pensei isso quando comprei os ingressos.

Por falar em ingressos, a comédia começou quando fui ao local comprar os tais tíquetes. Logo quando chego, tem uma menina comprando e dizendo “Moça, você precisa me dar o lugar mais perto do palco, eu AMO esse cara, pelo amor de Deus!”. E os bilheteiros dando risada. E eu também. Até que ela me pergunta: “Você ama ele também?”, e eu disse: “É, mas não com essa... intensidade, hahahaha”.

Dos três espetáculos, eu preferi levar minha mãe ao segundo. Pelo primeiro ter um conceito bem denso, a questão dele estar acorrentado e tals, fiquei meio temerosa de levá-la. Além do que era no meio de um feriado, o Centro estaria um deserto. E do último, eu não tinha visto nada, não tinha procurado vídeos sobre ele, mas parece ser muito bonito, porque é todo em cima de música.



Levei ao segundo porque “Dinheiro Grátis” tem uma interação voluntária da platéia muito legal e divertida. Um espetáculo pra dar risadas, mas também pra pensar, pra refletir sobre o lugar de cada coisa no mundo.

Tem uma hora que ele faz um leilão sobre o dinheiro, e uma das perguntas foi:

“Se dinheiro fosse um livro de Guimarães Rosa, qual livro ele seria?”

Um popular grita: VIDAS SECAS!

“Olha, você corre o risco de ser IMPUGNADA desse concurso!”

Hauhauahauhauahauhauhauaha!


Só que, eu tinha já observado que o nome tinha mudado: agora era “Anti-dinheiro grátis”. Deixei passar...

O espetáculo começa como o Dinheiro Grátis. Logo quando ele volta da sua “passagem de sacolinha”, ele vem como um velho rabugento reclamando baixinho e mostrando sua indignação. Ficou revoltado porque ele pediu a uma pessoa um real e ela ofereceu 1 centavo. Ele tava bem pertinho da gente. Minha mãe riu, ele disse pra ela “Não ri não, isso é revoltante!”, hahahaha!

Um centavo ele não queria, “O que é 1 centavo? Um centavo não compra nada!”.

Ele explica que o 1 centavo é uma coisa tão pequena que acaba carregando energia negativa. Se algo não está indo bem na sua vida, pode procurar que tem um centavo jogado na sua bolsa, no fundo do sofá, e isso explica a sua má sorte. Então, como ritual de iniciação do espetáculo, a idéia era jogar, de forma sincronizada, as moedas de um centavo... no palco!

Uma popular pergunta: pode ser moeda maior?

Na segunda leva de moedas do azar, ele diz que não tem problema, até porque uma moeda de 25 centavos tem o mesmo peso de 25 moedas de um centavo. Isso é verdade.

No meio das brincadeiras, ele nos questionava:

Matar ou morrer?

Mudar ou entender?

Tudo ia bem, até que ele diz que existem três tipos de pessoas na sociedade brasileira: a elite (‘se tiver algum representante aqui, é melhor não se manifestar’), a classe média e os miseráveis. Nisso, muda gente grita: uhuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuul, quase um é nóóóóis! E ele fala: mentira, quem disse que miserável vai ao teatro?

Ri horrores, porque me senti até bem. Não estou tão abaixo assim da linha da pobreza! Ajajajajajaja

Só que aí, ele diz que tudo aquilo é um erro. E sai. (Eu acho que foi nesse momento, minha memória guarda poucas informações e de forma misturada).

E aí, começa o Anti-dinheiro grátis. Uma autocrítica a sua própria obra. Passa no telão cenas do antigo “Dinheiro Grátis”, onde no final, o dinheiro que era recolhido e posto numa cartola no centro do palco era queimado. Aliás, Dinheiro Queimado (Plata Quemada) é um livro argentino muito bom! Virou até filme, mas eu não pude ver, porque era menor de idade ainda... Mas enfim, continuando.

Ele, agora sem o casaco, fica numa mesa lendo textos que mesclam crônicas com explicações acerca do finado espetáculo.

Eu tenho a maior humildade do mundo em dizer que não entendi nada do que ele disse. Eu sei o que os textos do Michel são muito densos, e vão encadeando vários assuntos, até que você se perde e não sabe mais sobre o que está lendo. Mas alguém mais acostumado a isso deve entender, afinal as críticas aos seus espetáculos são sempre muito boas, em jornal “O Globo” pra cima.

O problema não foi isso, mas sim o espetáculo que foi muito curtinho. Quando foram 20h, ele pega seu violão, dá uns acordes, e como no vídeo projetado mostram o fim do antigo espetáculo, ele levanta e agradece ao público do vídeo. E sai.

Isso eu tenho certeza que ninguém entendeu, porque todo mundo ficou sentado, esperando que a parada continuasse. A gente só caiu em si quando os caras abriram as portas do teatro, tipo: ‘bora, cambada, acabou!’. Quando eu levantei, o povo da fila central tava todo sentado, esperando ainda alguma coisa, hahahahahahahahahahahaha.

Bom, eu saí. Se eu procurar alguma nota na internet dizendo que o espetáculo continua para os persistentes, eu vou pedir reembolso do ingresso!

Matar ou morrer?

Mudar ou entender?

A gente tá aqui pra mudar o que está lá fora!

Foram as coisas que consegui fixar na minha cabeça que foram faladas no espetáculo, isso antes da peça mudar de figura, é claro.

Putz, você fica se perguntando sempre o que é mais importante, o que é mais urgente, e não encontra a resposta! Matar ou morrer é questão de sobrevivência: é bem melhor ‘descer a Graça Aranha matando geral’ do que pensar em deixar essa vida cruel, hahaha!

Agora, mudar ou entender é uma coisa que faz muito sentido. O mundo tá cheio de gente que fica muito preocupado em entender as coisas, e fala mais de mil vezes que ‘entende a situação’, mas que na hora da verdade, não faz nada para mudar a situação que ele tanto se esforça em entender.

Pessoas que se perdem muito nesse sentido são os cientistas, pesquisadores e afins. Muito estudam, mas pouco sabem sobre como agir, principalmente quando tratamos de seres humanos. Entender o que faz uma deficiência de tal coisa no organismo é muito ‘fácil’ de se elucidar atualmente, agora não vemos nenhuma atitude concreta que venha a mudar a situação dos deficientes, dos pobres, dos miseráveis.

Essa pergunta veio a calhar. No mesmo dia, antes da peça, estava conversando com uma colega da faculdade, em que ela me contava a decepção que sentia ao ver o que as nutricionistas de hospital faziam pelos pacientes: um redondo e grande NADA. Isso acaba com a ilusão de uma estudante que tem sonhos, e que vê a importância do papel social da profissão que escolheu. Tanto que o antigo desejo de trabalhar nesse local tinha virado fumaça. E não há nem como julgar esse pensamento, até porque, pra que comprar briga com as imprestáveis? Pra que demandar tempo, energias, estudo, para remar e remar e remar contra a maré? Pra que mudar?

Mas é preciso... Ah é! Hahaha.

Pra você ver como ainda há saída, há resistência a essa mesmice que a gente vê por aí, existe gente na minha futura profissão que não cacareja ao invés de falar.

A possibilidade de reflexão sobre si mesmo e sobre o seu papel faz do ser humano um ser único. Mesmo compreendendo a correlação de forças que determinam o atual modelo político-econômico do país, desse ser espera-se a ação. A reflexão e a ação, como constituintes inseparáveis da práxis, são a maneira humana de existir; isso não significa, contudo, que reflexão e ação não estejam condicionadas, como se fossem absolutas, pela realidade em que está o homem.

Lendo isso aqui, você diria que está num artigo de nutrição?? Falando sobre restaurantes comerciaise adequação a normas da Anvisa????

É esta reflexão sobre si mesmo e sobre o seu papel social que se espera do responsável técnico e em especial do nutricionista.

Voltando ao Michel, procurei alguma crítica sobre o novo “Anti-dinheiro grátis”, e acabei achando uma blogueira que certamente tem a capacidade mental plena pra entender tudo que foi falado na segunda metade da peça e... ah, clique aqui e veja.


Ai, ai, só sei que, continuo achando esse cara o máximo!

Ser leve e sexy é algo fundamental (risos). São os maiores predicados de alguém, além da doçura e força.

4 comentários:

Raquel disse...

Nega, to arrasada
Primeiro pq eu acho que o excesso de dorama atrofiou mesmo meu cérebro! Depois pq descobri que eu sou mesmo miserável, não me lembro a última vez que fui ao teatro..................

Pra comentar em cima do que você comentou só se eu tivesse visto, mas sei lá.. ultimamente não quero mais pensar, quero mais as coisas óbvias e mastigadas. Acho que estou sedendo, queria ser um corpo (já viu Cócegas?) e não precisar ter opinião para coisa alguma.

Ler eu ainda leio (inclusive blogs, hehe. Li a sua e a postagem da menina do link q vc deixou), tambem escuto, mas falar me dá preguiça. Pq entender é mais facil que mudar, e morrer é mais fácil que matar... sei lá, eu acho.

O comentário tá esquisito, mas é isso... hehe

beeeeeeeijos
:**

Priscila disse...

Olá!

Obrigada pelo comentário que vc deixou no meu blog. O meu post sobre o "Anti-dinheiro grátis" foi mais um resmungo(rs).

Eu fui no primeiro dia da peça e vi muita gente sair de lá sem entender nada (inclusive eu!).

Pelo que eu pude perceber no cometário do pessoal que compareceu sexta e hoje, o Michel já deu uma mexida no texto... Explicou melhor que raio de protesto era aquele.

Bom, no final das contas fico feliz por perceber que não fui a única que tentou entender o que foi aquilo. (rs)

Um beijão e estou aberta a diálogo!

Raquel disse...

Menina, a faculdade tá uma depressão só. Metade da turma ta desacreditada! Isso pq o aluno de Letras entra na esperança que não vai ter que estudar, afinal ele já sabe falar portugues e Ingles... Aí de repente ele bate de frente com as filosofias loucas da professora drogada de Teoria Literária, as benditas declinações do Latim e os delírios de Deusdará. Começa a tirar 5 ao inves de 7 e vai achando que alguma coisa não saiu como planejado hahahaha

Daniel Barros disse...

eu assisti essa peça, e gostei. seu texto tá bem realista a tudo que aconteceu lá.

bj.