terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Desejos implícitos para um ano profético


Muito se fala nesse fim de ano sobre espírito de Natal (ou espírito de Fiurex) e sobre boas vibrações para o ano novo.
Bom, para iniciar a reflexão, como comentou Rosana Hermann em seu twitter num dia desses, aquelas pautas repetidas dos programas de entretenimento com simpatias para que o ano entrante seja melhor indicam que ninguém tem tido um ano com as realizações que desejava.
George Michael já diria que nós raramente escolhemos o que vamos aprender com a vida. Ou algo parecido. Anyways.
Não acredito em nada disso. Não sinto a presença do espírito de Fiurex nos dias próximos ao Natal, e nem acredito mais na sorte porque um ano substituirá o outro.
Ano passado. Minha mãe assistindo Eliana. Porra nenhuma, ela dormindo e a TV me incomodando. Previsões de mãe Diná (ou alguma substituta) sobre os signos, e ela disse que, para o meu signo, 2011 seria o ano do amor. Eu posso rir agora ou deixo para o ano que vem? HA.
Mas eu vim aqui a este meu diário para eternizar uma ideia genial do CCBB educativo. Vejamos.
Semana passada, fui com a @jugulae ao CCBB ver a exposição da Índia. Faz tempo que não frequento esses programas culturais, então prefiro não comentar muito pelo risco de acabar falando alguma asneira. E também não falo porque o que mais me chamou a atenção na ocasião foi uma pequena árvore de Natal construída com folhas, nas quais participantes de atividades do CCBB colocaram seus desejos e seus votos para o ano de 2012.
Nessas folhas, podemos perceber todos os verdadeiros sentimentos que estão por trás dos escritos:

O desespero,

A urgência em conhecer melhor a sua língua mãe,


A vontade de resolver todos os seus problemas da maneira mais conveniente e mais rápida,

O incurável espírito de porco,


A ganância e a tão sonhada vida burguesa (ah, e adoro o destaque à folhinha no canto inferior direito, com um pedido para uma UPP),

A inveja, a cobiça ao homem alheio e o sentimento autodestrutivo.

Qual é o fundo de verdade de todos os pedidos que você faz para si mesmo?

Bom, não sei o que quero para o ano que vem. Não sei de nada. Só sei que este será o ano mais solitário de toda a minha vida, pois terei uma quantidade infinita de decisões a tomar e sei que vou estar absolutamente sozinha em todas elas. E isso torna 2012 um ano definitivo.
Para concluir, deixo como trilha sonora para este momento uma canção que definiu esta tarde no CCBB. Já que, segundo a definição criada pela @jugulae, nos últimos meses eu venho fazendo a Kátia por diversas vezes (especialmente em um dia marcante de um pacato novembro), fica a nossa reflexão sobre a vida:



Não está sendo fácil.... 

P.S.: Um abraço de bom natal e próspero 2012 para todo o povo de Piabetá!

domingo, 18 de dezembro de 2011

Playlist - It might be you

Enquanto você comemora o fim do ano com bebidas de alto teor alcoólico, eu brindo à vida preenchendo minha alma com canções de alto teor melancólico.

E fico tão bêbada quanto você. Olha que bom.



sábado, 10 de dezembro de 2011

Vou procurar um abrigo e me alimentar da música (que eu fiz para você)

Hoje estou particularmente feliz.
Terminei um curso preparatório para concursos, depois de quatro meses de aulas longas e cansativas aos sábados e estudo continuado ao longo da semana. Além dos resultados positivos nos concursos que eu fiz, resultados que considero positivos para mim a título de auto-avaliação, considero que este é um dos motivos pelos quais eu vivo. Conhecer, estudar, mergulhar de cabeça na ciência e na teoria para poder saber de onde partir quando a hora da prática verdadeira chegar.
Hoje cheguei em casa com aquela sensação de dever cumprido e de alma lavada pelo meu esforço e pela minha luta diária.
Logo, considero que o hoje tornou-se um momento propício para voltar um pouco no tempo e revisitar todos esses meses que se passaram.
O ano de 2010 não foi um ano muito bom para mim. Eu passei por muitos momentos de estresse, tanto no convívio com os amigos, com a minha saúde, e até com a faculdade. Foi difícil não se deixar levar pela tristeza profunda que anda ao meu lado desde sempre e quando eu me fragilizo, ela me abraça de tal forma que é difícil de largar. E assim fechei o ano, ouvindo muita música depressiva de George Michael e me recuperando de uma cirurgia.
Logo, eu não comecei um 2011 com perspectivas positivas. Estava tudo nebuloso.
Nesse momento, comecei a lutar para conseguir uma vaga de estágio. Muitas burocracias, muitos desesperos, muitos momentos em que pensei que ia perder o estágio... Mas eu consegui. E foi uma das grandes experiências da minha vida até agora.
Antes de iniciar o estágio, fui ao Ceará visitar meus avós, afinal, não sabemos se Deus nos dará esse privilégio novamente. E o que seria um período de descanso, virou período de cuidado. Com minha avó doente e teimosa, minha mãe e eu assumimos o comando da casa. Mais a minha mãe, claro. Meu avô, a coisinha mais fofa do mundo, com aqueles olhinhos azuis e bochechinhas, via todos os dias a novela das seis, Araguaia. E mesmo que eu não gostasse daquela novela para nada, ficava ali, silenciosamente lhe fazendo companhia. Meus primos todos, meus tios de quem sinto saudades. Foi uma boa viagem, no fim de tudo. Só espero melhorar de vida o suficiente para não ter mais que ir para o Ceará de ônibus. Sim, a minha mãe fez isso.
Voltei e me enfiei no meu estágio de nutrição social. Posto de saúde, velho conhecido, aquele grande prazer de trabalhar com o público, sempre apreendendo tantas coisas boas e tantas reflexões dessas experiências.
E lá fui eu para o estágio que havia conseguido lááá no início do ano. Um hospital pediátrico importante para a rede de saúde, no qual comecei do zero. Uma experiência que ensinou a estudar pela necessidade de aplicar um conhecimento em prol de casos reais. Completamente diferente de sentar a bunda numa cadeira e escrever olhando para um slide. Completamente.
Aí, você reflete sobre muitas coisas. A doença que acomete a criança, a doença crônica da criança, a doença que vai matar prematuramente uma criança. Difícil? Muito. E aí quando você começa a ver coisas que só existiam nos livros. Rosário raquítico, criança de 8 meses com 3 quilos, crianças que nasceram no hospital e não conseguiram sair dele. Situações tão complexas e que exigem sensibilidade. Não digo que exige sangue frio, pelo contrário. O que te exige é saber que a criança no hospital é uma criança como outra qualquer. Você pode brincar com ela, dar carinho, atenção. O que aumenta é a tua responsabilidade no cuidado daquela criança. E é uma experiência linda, foi uma experiência linda. Começam a surgir os rostos e as histórias na minha cabeça. Uma plena lição de vida, diariamente.
E depois, lá fui eu para o estágio de produção em um hotel requisitado na Orla de Copacabana. O trabalho em restaurante, especialmente em hotel, não é minha praia. Não te recompensa como profissional. Você quase que implora para ter o mínimo de respeito e reconhecimento, é esta a conclusão que eu cheguei. Só agradeço pela comida de graça, que foi muito boa em algumas ocasiões, especialmente o pão de damasco e o croissant de chocolate, que eu sei que nunca mais comerei iguarias tão especiais em minha vida. Nossa.... Isso faz falta. E nesse lugar tão esquisito, onde tive momentos de muito estresse, também aprendi muito (porque a gente também aprende na porrada) e fiz uma amizade muito especial, o destino me arranjou uma grande parceira no meio dessa Torre de Babel que eu me meti. Aconteceu, durou o tempo que tinha que durar, acabou. Todos digam amén.
E no meio disso tudo, a vida pessoal deu uma completa desestruturada quando minha mãe teve um incidente ridículo e quebrou o pé. E aí, eu com trezentos compromissos, tinha que cuidar dos assuntos externos da casa. Não foi fácil, por mais que tenha sido um período curto. E isso me preocupa até hoje, porque me mostrou como somos frágeis 'socioeconomicamente' falando. Se não fosse uma estratégia de unir licença a férias, eu não sei como teríamos honrados as dívidas em tempo viável. Isso me impõe aquela responsabilidade de que tenho que contribuir para a casa, mas essa questão esbarra em tantos complicadores... Enfim, foi um fato que me deixou alerta.
E lá fui eu, do meu último dia no estágio em pediatria não tive um dia de folga, pois na semana seguinte já estava em outro lugar. No meu estágio atual, que até pela complexidade do local acaba me incentivando a refletir sobre tantas coisas que cabem mais para o Nutrindo a Mente... O mais engraçado é que lá, eu comecei nada mais, nada menos do que na Pediatria! ahushauhaush
Foi curtinho, mas foi igualmente ótimo.
E nesse momento, eu queria dizer que desse período, o mais importante para mim foi o Edu. Ele fica como lição, como aprendizado, como meu exemplo, incentivo, motivo e dedicação. O Edu era um paciente oncológico que eu vi definhar e perder tudo aquilo que é tão próprio de uma criança. No dia 13 de outubro, logo após o dia da criança, levei um Chaves de pelúcia para o Edu, afinal esta é uma data especial para todas as crianças. E eu vi que obviamente ele se interessou pelo brinquedo (ele sempre via Chaves na tv do quarto) e vi o esforço sobrehumano que ele fez para tentar observar o brinquedo, tentar interagir, tentar... E não conseguir. Ele queria tanto poder brincar, eu senti aquilo nitidamente. Mas já não conseguia. Porém eu nunca deixei de acreditar que ele era uma criança, e que devia ser tratada como tal. E que ele merecia toda a minha esperança.
No dia 27 de outubro, o Edu foi embora. E aí eu fiquei pensando que porra é essa de Deus escrever certo por linhas tortas nessa magnitude. O que esse menino tinha feito de mal para a vida, ou porque justo ele tinha que ser um veículo para dar algum tipo de lição em alguém, com esse nível de sofrimento que eu não posso nem tentar mensurar em palavras?
E aí, o Pietro nasceu.
E a vida é assim, é um ciclo, é uma roda viva que não nos cabe entender por completo. Só nos basta amar.
E eu queria dizer e deixar aqui eternamente registrado que o amor que eu carrego por esse menino é algo que significa muito para mim. E eu queria dizer que eu tenho o único Chaves de pelúcia do mundo que se chama Eduardo.

Saindo um pouco mais dos fatos e indo um pouco mais para as sensações e os momentos, foi um ano importante para a construção do conhecimento. O curso que eu concluí hoje me trouxe muitas coisas boas, uma nova perspectiva de vida, até. Um novo objetivo, e me trouxe uma noção de foco e de competitividade que eu aceitei de bom grado. Agora que eu sou concurseira, eu filtro tanto as informações, que talvez posso até parecer uma pessoa completamente alienada. Mas é pura questão de foco, cara, você tem que ocupar a sua mente com aquilo que vai te produzir um resultado. E eu preciso de um resultado efetivo e rápido. Preciso de estabilidade, preciso de um emprego, preciso de experiência, preciso de tanta coisa... E o que eu menos tenho é tempo. Esse me escapa entre os dedos. Faltam vinte dias para acabar o ano e eu tenho uma lista interminável de coisas para fazer até que 2012 chegue sem pedir licença.
Percebo que amadureci como profissional, mas não é o bastante. Preciso alcançar tantas e tantas coisas que nem posso enumerar. A principal missão do ano que vem é me formar e fazer a minha monografia. Pena que a ordem dos acontecimentos é inversa. Eu preferia mil vezes, me formar, resolver minha vida, ter a segurança de ter um emprego e uma graninha, para depois voltar e fazer a monografia.
É complicado quando você tem que interpor interesses acadêmicos com os interesses da sua sobrevivência. Eu estou sempre em risco financeiro, porque vida de estagiário é fueda. Eu fiquei um mês sem bolsa e estou devendo dinheiro a minha mãe até hoje.
Quando você fica quase seis anos dentro de uma faculdade, a cobrança externa é muito grande... Querem que você recompense quem te sustentou esses anos todos o mais rápido possível. E eu sei das minhas responsabilidades mais do que ninguém, porra, não preciso de ninguém me lembrando. E o que mata é essa pressa, que é real. Para que você tenha uma noção, querido leitor, por conta desse problema de INSS, férias, etc, o salário desse mês recebido foi de seiscentos reais. Para quem paga aluguel, você pode supor o que deve ter sobrado desse valor. A sorte é que estamos em um mês com parcela de décimo terceiro, senão, meu, sei lá, ceia de natal ia ser farofa de ovo e franguete Rica assado e olhe lá, hahaha!
A sensação de que não tem ninguém que possa te render é muito ruim, muito ruim! Eu estou com medo de 2012, porque eu vou ser jogada numa realidade completamente estranha e vou ter que achar uma solução em dias. Eu vou ter que achar. Não posso, não tenho como esperar.
O mundo seria lindo se eu pudesse ficar em casa durante oito meses estudando e me preparando para a prova da residência do IESC, que é a prova que realmente eu queria fazer, mas é impossível. Completamente. Mas quem sabe... O que vier primeiro, eu vou aceitar de bom grado.
Eu pensei que esse ano seria mais um lixo para ocupar meu tempo vital, mas até que ele me proporcionou coisas legais. Eu voltei novamente para a companhia dos meus amigos, não com o tempo que eu gostaria, por conta dos compromissos; eu testemunhei a felicidade dos amigos de maneiras distintas, de diferentes distâncias, mas sempre tentando estar presente, na medida do que é possível (os casamentos das amigas, o nascimento do meu sobrinho, entre tantos); eu me apaixonei, ainda não sei avaliar se isso é bom ou não (tendendo a achar que eu vou me ferrar nisso), mas é todo um processo, como diria uma velha amiga; e eu reavaliei muitas e muitas coisas de mim mesmas, talvez em consequência da informação expressa anteriormente.
Às vezes, surgem momentos de angústia, em que a tristeza quer dar um upa-tipo-telettubbie na gente, mas acontece que eu não posso permitir. Eu tenho que estar ativa, operante, alerta e vigilante para as coisas que me rodeiam, e isso tudo só atrasa a evolução da minha vida. Só me puxa para baixo. E eu já tenho uma escoliose direita e uma falta de grana crônica que já me puxam para baixo, não preciso de mais motivos.
Todo esse processo de autoconhecimento que eu tento implantar em mim como se fosse um sistema de APPCC (aula de hoje, desculpa) me exige demais em um período que eu não tenho tempo. Por isso, às vezes, eu tenho uns leves surtos. Parece que não estou disponível para entender a mim mesma. Mas isso vem servido para construir as minhas possibilidades, as minhas limitações, os meus desafios viáveis. E aquele calcanhar de Aquiles, aquele ponto fraco que incomoda, que destrói sonhos, que impossibilita vislumbrar determinada realidade no futuro. É foda isso. Como eu disse a Lua, é ruim para mim, uma pessoa que lida sempre com objetivos a alcançar, com metas e com desafios sempre instigantes, e que consigo alcançá-los na maioria das vezes, saber que há situações, coisas e traços da minha personalidade que vão me impedir de conquistar certos momentos. Aquilo que eu mesmo construí, ou que veio de fábrica, e que me priva de um momento, que é único e insubstituível, é um troço que me desaponta. E aí abre-se a brecha para o Thinky Winky me dar um abração de urso.
Mas eu serei firme. Porque, para você, tristeza que imobiliza e que não constrói a renovação, é hora de dar tchau.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O Platonismo, o medo, o duplo sentido que habita o sacolé e o guaraná que vou ficar te devendo para sempre


O título propositalmente só faz sentido pleno para mim. O objetivo é ler essa postagem daqui a cinco anos e ter um motivo para lembrar e rir do passado.

O ‘grande’ Anderson Silva já diria. Nunca serão! Jamais serão!
Pois bem.
Festejos são sinônimos de alegria, comemorações. Encontros, desencontros. Oportunidades estratégicas, chances. Todas desperdiçadas por motivos banais.
Talvez não seja o melhor momento para escrever sobre algo tão recente. Ainda não houve tempo de rever o filme e perceber qual a minha grande fraqueza dentre todas as minhas fraquezas.
Só sei que eu, meu bem, fiquei rosa chiclete! Com todos os duplos, triplos e quádruplos sentidos que esta expressão novelesca tem para mim.
É uma pena, mas eu sei que não é você.
Isso me decepciona e me desaponta profundamente. Profundamente. De uma maneira que ainda não tenho a capacidade de mensurar.
Nesse ano, eu disse olá para muitas coisas coisas e muitas oportunidades. Sou como mendiga e vivo de migalhas. E o seu olá já me alimenta e me conforta e me conforma.
(Geral realizando na cabeça o bonequinho do forever alone nesse momento, por favor)
Porra, valeu! Valeu mesmo, por tudo. Valeu por tudo que não vivi e tudo que não pude saber. Mas agora, chegou a hora de dizer chega. No meu tempo, óbvio.
E isso inevitavelmente me lembra Daniel, cara, será que ele anda comendo Mc Fish por aí? Hehe...
Tudo passa. Mas o problema é o tempo.
Tempo, tempo, tempo, tempo. Como diz aquela novela-deprê-show-das-seis.
Não queria ser tão clara, mas os recursos de linguagem fatalmente me falham.
E a culpa é toda sua. 
Sacanagem deixar os outros em coma não sedado, meu querido. 

domingo, 20 de novembro de 2011

Aos irmãos de sangue e de alma

Queridas,

Saudade é palavra muito curta para demonstrar a total imensidão do sentido que essa palavra realmente pode ter. A falta que vocês fazem na minha vida é algo inestimável.
Há semanas (quem sabe meses?), uma crise existencial anda em curso aqui por estas bandas. Os motivos vem de tantos lados que me deixam atordoada. Conflitos que me desorientam até na hora de atravessar a rua, afinal... para onde vou?
Queria muito poder procurá-las neste momento, mas vem por aí um grande desafio na minha vida e, de algum modo, eu tenho que me focar. Daqui a uma semana, tenho uma prova, que pode ser um pontapé inicial para a minha carreira. Quem sabe? Não custa nada sonhar.
Creio que, daqui a alguns dias, algumas sombras irão se afastar do meu cotidiano, e enfim terei um tempo para olhar para mim mesma. Ou não...
Mas quero ter vocês ao meu lado, não suporto mais essa distância.
Vocês, que motivam os meus sorrisos, que me apoiam, que torcem por mim mesmo quando eu não sou merecedora de tanto carinho. Tenho tanto orgulho de tê-las e sinto que não faço por merecer essa amizade tão especial.

Eu amo vocês.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A credibilidade do palhaço


Selton Mello e seu filme encantador.
Estava passando por uns segundos no programa da Leda Nagle (que eu odiava quando quando era criança, porque significava que a programação infantil tinha terminado) e vi o Selton falando exatamente isso, que o filme gerava encanto nas pessoas.
E foi o que me gerou também.
Saí da sala, entrei no ônibus e fiquei me perguntando todas aquelas coisas que rondavam aquela trama simples e tão corriqueira.
Quem somos de verdade? Somos felizes com o que o temos? E com o que somos hoje?
O que somos hoje é o reflexo da nossa história?
E quantas vezes achamos que não estamos na vida certa? E quantas vezes somos enganados por algumas circunstâncias, que nos fazem esquecer... quem somos?

O filme é puramente uma discussão sobre Identidade. Literalmente.

Não tenho a pretensão de fazer críticas do tipo de críticos de cinema escrotos e mal comidos (nem foi pro Rubens Ewald Filho... ), mas eu me sinto na obrigação de comentar que as participações do filme são incríveis... Um grande destaque para Fabiana Karla, fabulosamente graciosa, e Moacyr Franco, indescritivelmente hilário. Jorge Loredo, incrível também... Enfim.

Todo mundo é um pouco Benja. Todo mundo é um pouco loser. E alguns abusam desse direito. Todo mundo faz um personagem de si mesmo para poder enfrentar seus medos e seguir a sua sina. É a lei da sobrevivência.
E um monte de gente que eu conheço vive uma solidão imensa dentro de si.

E então, Palhaço, eu te pergunto: qual a sua credibilidade?


Eu faço todo mundo rir. Mas... quem é que vai me fazer rir?

Um sonho todo azul, azul da cor do mar. E do Rio São Francisco.

Uma grata surpresa o musical Tim Maia - Vale Tudo. Casa lotada, música inacreditável, mito incontestável.




Agradeço aos idealizadores por terem me dado a oportunidade de, alguma forma, ter ido a um show do Tim Maia. Que teve a presença física de um 'Tim' e que começou pontualmente. Só coisa boa!
Ao final, Tiago pede ao público para que não deixemos de ir ao teatro, pois é isso que os motiva a fazer esse trabalho. Lógico, é o feedback, o reconhecimento. Mas, falando sinceramente, promessa foda de se cumprir, pois sabemos que não é algo barato (quando tem qualidade) e, quando se leva duas horas para ir e três horas para voltar, você acaba pensando que realmente você precisa morar no mínimo na Tijuca para ter uma vida cultural decente.
O Rio é partido, sim Senhor, e nenhuma lona cultural pode diminuir essa distância que há entre o lá e o cá do Túnel Rebouças.

Aproveito também para dizer aos produtores que colocar 'Cross my Heart' no setlist é uma agressão pessoal a minha pessoa. Poderiam ter tocado 561 músicas distintas para definir o período nos EUA, mas escolheram justo essa. Porran, muito fodan para min.



Quem não foi, eu obrigo a ir. Se faltar incentivo, chama eu que eu vou de novo. 

domingo, 13 de novembro de 2011

Lenine feat. Guimarães Rosa


Qualquer amor já é um pouquinho de saúde
Um montão de claridade
Contribuição pra cura dos problemas da cidade
Qualquer amor que vem desse vagabundo e bobo coração atrapalhado
Procurando o endereço de outro coração fechado

Aproveitando para refletir momentos antes de cruzar a cidade para ver o musical de Tim Maia.
No Leblon.
Tensão nas suburbanas aqui, que não sabem nem o que vestir para ir para esse lugar.
Primeira vez que eu vou lá, sabe? Não sei se tem teto salarial para poder entrar lá, etc.
É como diria o outro lá, a cidade partida.
E como diria a hashtag dominante do dia #InvadirARocinhaÉFácil. Quero ver fazer cinco anos de faculdade com todas as dificuldades que se apresentam nessa trajetória.
Pacifique o meu coração, há um confronto dentro do meu corazóncito (feat Vanessa da Mata, substituindo pacifique por reabilite)

Que milagre você por aqui

Puxa vida.
Para mim, parecia que eu estava afastada daqui há mais tempo, mas faz só um mês.
Queria poder contribuir um pouco mais para que este meu lar tivesse e expressasse a minha cara, o que eu sou.
Mas como eu não sei o que eu sou, até que não está tão mal. Só sei o que eu não sou.
Os últimos meses foram conturbados, esquisitos, com muita coisa acontecendo ao mesmo tempo.
Ter que conviver com minha mãe por dois meses quase que ininterruptamente, por conta de um pé quebrado, foi mais difícil que prova de resistência de No Limite.
Agora o nome desse naipe de programa é Hipertensão, né? Pois é, denunciando a idade.
Eu prezo muito a individualidade e o 'momento-para-si-mesmo'. Imagina ser privado desse direito por dois meses. Mas já passou.
O que mais aconteceu na minha vida?....
Nada de mais, como sempre.

Terminei estágios, comecei outro, que talvez eu tenha superestimado. Não vem correspondendo a todas as expectativas depositadas, mas é atualmente é minha fonte de sustento. Então, fiquei quieta e ache tudo ótimo, querida.

Estudando feito louca (na medida que o cansaço permite) e ingressando na carreira de concurseira, completamente paranóica com o que o futuro próximo me reserva. O amanhã me angustia tanto que me não consigo me concentrar em completar as etapas do hoje. Não sei, sinto-me acuada. Não fui eu que quebrei o pé, mas sou eu que me sinto engessada.

É isso mesmo, minha vida não tem a capacidade de preencher nem uma página inteira do Word.

Olha que coisa boa.


sábado, 1 de outubro de 2011

Aos grandes mestres, com carinho

Talvez hoje não fosse o melhor dia para escrever. Na verdade, não é um bom dia.
Nada parece bom, nada tem muito valor. Não adianta você lutar para ser alguém, sabe, você sempre vai ser um zero à esquerda, se isso assim foi pré-determinado em algum momento da sua genética espiritual.
E mesmo sendo ou estando deste jeito, concluiu-se um dos momentos mais marcantes da minha vida. Não tenho clareza mental para descrever com o rigor de que esta experiência precisava para ser dividida neste espaço. Mas agora, só tenho motivos para chorar, de pura emoção. Desde o primeiro dia até o ultimo momento, eram lições e mais lições de vida aprendidas.
Agora só posso lembrar dela sentadinha na poltrona, vendo seu DVD, e tirando a mãe da frente do visor, pra não atrapalhar sua visão. Mandando beijos e mais beijos pra mim, sorrindo e chamando seu coleguinha de box de namorado (*____________*) . E da ultima vez que eu a tinha visto, estava ainda confinada ao leito.
Você, princesinha, foi a pessoa que mais ensinou em todos esses meses. E quanto eu me questionei a respeito de Deus. Qual o objetivo disso? Qual a intenção embutida nesses aspectos tão tortuosos da vida, da quase-morte, da ressurreição, do milagre?
Diga-me você, o que lhe parece mais estranho: ser triste por dentro e normal por fora; ou ser feliz por dentro (feliz por estar vivo?) e limitado por fora?
Ela me ensinou a resposta.
Minha pequena, é uma pena que eu não possa alcançar a sua força e alegria, agora renovadas.
Queria poder citar nomes dos pequenos e pequenas que me marcaram nesses meses, e fizeram todo esse esforço valer de algum modo.
Hoje é um daqueles dias em que parece que mesmo que todo o empenho que você tenha não te valham de absolutamente nada. Nada, nada. Eu vou morrer na praia, já sinto. Tenho certeza que, em termos de currículo, experiência e esse bla bla bla, que no fundo não adianta de droga nenhuma, talvez não represente muita coisa.
Mas que se dane. Eu aprendi muitas coisas. Até aprendi coisas que minha formação não me proporcionou. Mas no fundo, como já disse, isso não vale de nada pros outros. Porém, pra minha vida, valeu absolutamente.
E é isso que importa, no fundo. Por mais que eu não saiba como será minha vida depois de passados esses oito meses...


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Folha de papel


Tudo é tão novo, mas tem ares de reprise de novela mexicana.
Impressões caladas no desejo de nada sentir. Em vão!
Vem de forma silenciosa. Na calada da noite, no vale da alma, toma um espaço que outrora estava reservado ao vazio.
Afinal, eu amo o vazio, por sua simplicidade.
E aí, eis que me chega.... Mas, ué? O que mudou na velha rotina? Aliás, porque passar a enxergar algo novo naquilo que há tanto tempo existe?
Qual é o enigma? Nessa encruzilhada, o que define a escolha do atalho que vai direto ao precipício?
E um simples sorriso muda meu mundo de rumo.
Impressão (ou sentimento?) que incomoda e castiga.
Cadê o castelinho de cartas que eu havia montado há pouco? Estava já tudo tão certinho, tudo definido. E ele desaba. Tudo se modifica....
Ou continua na mesma?
Para que serve? Para me lembrar que tenho a capacidade de sentir (verbo intransitivo, cabe dizer) ou para me resignar a montar meu castilho de cartas de novo? E de novo, e de novo, e de novo. Quantas vezes for preciso.
Desestabiliza a mente, mas revigora os sonhos.
E os sonhos me perseguem por vezes, desestabilizando minha mente. Sou bipolar, com muito orgulho e muito amor.
Amor... Palavrinha forte essa, hein? Use-a com parcimônia, caro leitor. E faça de conta que essa palavra não apareceu nesse texto, faz favor.
Pelo menos, isso tudo me dá motivo para me debruçar numa folha qualquer e voltar a escrever.
E só por isso, valeu. Está valendo.
O foda vai ser quando passar a não valer mais a pena. E há 99% de possibilidade diss ter um fim bem triste, bem ao meu modo. Pura lógica e probabilidade, unfortunately...
Enfim, eu sou uma loser mesmo, mais uma decepção não me derrubará.
Ou... eu já estou derrubada e ainda não me dei conta.

E eu paro por aqui, porque o dia amanhã promete... ser uma completa merda.


domingo, 3 de julho de 2011

Somente belas e magras, por favor.

Então.
Certas coisas no universo da nutrição me deixam muito desapontada. Às vezes, parece que estou no meio de um monte de cabeças vazias, defendendo uma ciência que nunca vai progredir e que nunca vai conquistar o status que merece, por ser constituída por profissionais que não querem estudar e não querem lutar por um espaço melhor.
Enfim.
Nestes últimos dias, ocorreu uma questão absurda no nosso mundinho. Foi aberta uma seleção de nutricionistas para trabalhar em um congresso da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN), em Fortaleza, e o anúncio pedia que as interessadas mandassem fotos e que tivessem manequim 36 ou 38.
A situação já foi melhor detalhada aqui no blog da nutricionista Neide Rego.
Pra que currículo? Pra que competência?
Porque eu, que sou uma otária e imbecil, trabalho que nem uma filha da puta em mil estágios, projetos, congressos, etc, se o que vale é ser magra e bonita?
Além dessa situação ser ato explicitamente preconceituoso, ela emerge do lugar em que necessariamente não deveria existir. Quer dizer, isso vai contra a tudo o que defendemos. Nós defendemos que as pessoas tenham uma vida saudável, mas nunca escravizamos as pessoas à padrões de beleza. A números ideais. Defendemos qualidade de vida, e não pressões midiáticas.
Se ainda não ficou claro, gostaria de declarar explicitamente o meu repúdio à atitude da SBAN. É tão vergonhoso, que é melhor nem comentar mais nada.
Na verdade, há sim o que se comentar.
Quando você pensa que a sua profissão é constituída somente por copioterapeutas e profissionais que se tornaram nutricionistas porque tiveram preguiça de estudar o suficiente pra realizarem seu sonho de serem médicos... vemos que algumas pessoas não dormem no ponto.
E um dos focos de reação que está se estruturando é o Centro Acadêmico Emílio Ribas, da USP, que já vem articulando outras resistências, tais como a discussão sobre a regulamentação da propaganda de alimentos, especialmente no meio acadêmico. Eles escreveram uma carta manifesto falando a respeito do ocorrido, e aproveitaram para comentar do tão polêmico aspecto do apoio e patrocínio de indústrias de alimentos em eventos de nutrição.
Veja a carta aqui.
Uma decepção profunda... Mas com aquela impressão de que há uma luz no fim do túnel... 

sábado, 25 de junho de 2011

Entre o sucesso e a lama

Fiquei o dia todo pensando em escrever sobre as experiências vividas no dia de hoje. Mas resolvi não cair na mesmice da superexposição de sentimentos, tão comum da minha parte.
E também, existe uma coisa. Pra que escrever algo que nem sempre é bom, se alguém já fez isso por você? E muito bem.
Peter Frampton, neste pequeno fragmento de canção, já descreve com simplicidade tudo o que é preciso:

I don't care where I go
When I'm with you
When I cry
You don't laugh
'Cause you know me
I'm in you
You're in me
I'm in you
You're in me
'Cause you gave me the love
Love that I never had
Yes, you gave me the love
Love that I never had
Descanse em paz, querido leitor. 

domingo, 19 de junho de 2011

Algos e alguéns

Antes de mais nada, gostaria de declarar que fui coagida a escrever essas palavras. Por mim mesma.
Minha emoção me diz que eu devo continuar guardando todas as angústias dentro de mim, mas a minha razão me obriga a falar. Parece o contrário, não? Comigo é tudo ao contrário.
Não espere que este seja o melhor texto da minha vida, está sendo feito por coerção.
Vida é um troço muito dinâmico, que parece que te leva sempre a caminhos nunca dantes navegados... mas a verdade é que ela é como uma receita de bolo, uma forma de programa de tv enlatado. Nós, ingênuos seres que somos, acreditamos que tudo é sempre novidade. E acreditamos também em bondade, honestidade, compromisso, responsabilidade... Bobinhos.
Essas palavras que se traduzem em virtudes, podem até ser praticadas no convívio social. Porém, em nenhum momento, elas se convertem em seu sentido pleno. Nunca.
Talvez este seja a origem daquela expressão de 'vida mais ou menos'. E aí vamos adotando isso como que sofre o crème de la crème.
Eu fico observando os ambientes que frequento, e percebo o quanto as pessoas não negligentes. Como propõem-se a assumir compromissos sérios e não os cumprem. e eu não me excluo dessa análise. Todos os dias quando acordo, fico reavaliando as coisas que eu devia ter feito e não fiz, o tempo que perdi.
E o tempo que perco. O tempo é uma instância que tem muitos problemas com a minha natureza. Alguns dizem que o tempo lhes foge do seu controle. Já eu, sei que fujo do tempo. São coisas muito diferentes.
Não estou up nem down, estou no meio. Esperando.
Esperando o que é previsto ou imprevisto fazer-se real. Que agonia.
E o passado, hein? Ele resolveu fazer diversas visitas a minha mente nesses últimos dias. Vou bater a porta na  cara dele a partir de agora, visitinha mais enfadonha...
Acho que é humanamente impossível lidar com tantas variáveis de uma vida com uma tranquilidade e paciência imutáveis.
Parece que estou bem...
Caminhando com prudência e calma à beira de um penhasco, num dia de ventania.
Olha aí o elemento surpresa.
Parei pra pensar em diversas coisas que vão movendo nossas mentes ao longo dos dias que vão nos escapando das mãos (ou seríamos nós que afrouxamos as mãos para libertar os dias?)
Algos e alguéns que nos inspiram por sua dedicação e empenho. Os ídolos, tão essenciais pra mim, e que sempre me empurraram pra frente, ao longo dos últimos 6 anos, principalmente.
Algos e alguéns que transmitem a ideia de parceria e que você não está sozinho. É bom poder contar com isso, para manter a ilusão de que algo maior pode ser construído.
Algos e alguéns que te dão uma raiva sem fim. Ira controlada, contida, que dói só em um coração. Sem cerimônia, que vocês morram!
Algos e alguéns que te fazem suspirar e sonhar, pensar que tudo que foi escrito acima foi puro delírio. Vão se catar, vocês não existem. Não existem.
Algos ou alguéns que nos fazem rir sem o menor motivo aparente, e às vezes estão tão distantes, no tempo e no espaço... Só posso amar essas pessoas com toda a admiração que lhes é justa...
Só sei que tenho um artigo muito interessante para ler, mas não há condição de me concentrar.
Por isso eu odeio esses sentimentalismos aflorados, são péssimos pra se alcançar a objetividade...

domingo, 12 de junho de 2011

Eu e a brisa. E ninguém mais.

Querido leitor,
Se você é do tipo de gente que realmente se importa com essas datas comemorativas criadas pelo comércio para aumentar vendas em baixa temporada, e está morrendo de depressão porque não não tem um tonto (ou tonta) pra te dar uma caixa de Ferreiro Rochê de presente, dou dois conselhos.
Primeiro, vai arranjar alguma coisa útil pra fazer. Eu, hein.
Segundo, ao invés de ficar ouvindo essas músicas completamente xarope, como essa lentinha do Bruno Mars (voz chata do caralho, meu!), ouça Johnny Alf:



E não, não estou falando isso porque sou recalcada. É porque sou agressiva mesmo. E as atitudes sem o menor sentido que as pessoas incorporam às suas mentes como sendo atos fundamentais à vida me deixam muito puta.
E também porque só precisava de um pretexto pra publicar essa música linda de morrer.

domingo, 5 de junho de 2011

Ar Puro

Oi!
Estou meio sem tempo hoje, mas só queria deixar registrado uma coisa aqui, já que hoje é dia do Meio Ambiente.
Queria colocar uma música do Tim Maia que eu adoro. Ela é do CD Nuvens, de 1982. Ou seja, existe incentivo a conscientização ambiental desde antes da Eco 92.
Eu adoro o jeito que ele escreve músicas em relação ao meio ambiente, porque de tão simples, chegam a ser ingênuas. Parece que foi uma criança que escreveu, kkkkkkkk! É muito fofo.


Vocês ficam aí ouvindo Nuvens, enquanto eu me martirizo aqui ouvindo Tim Maia em inglês. Chora, CaCo. vo morreeeeeeeeee
Bom, vou lá limpar minha revisão exploratória...
Bye!!

domingo, 29 de maio de 2011

Auto-citações de mim mesma

Lá vou eu fazer uma coisa que sei que vou me arrepender depois. Mas dizem por aí que é bom agir por impulso esporadicamente. 
Eu guardo comigo alguns poucos escritos pessoais que seriam melhor chamados de diário, nos quais eu coloco muitas das angústias e vivências da minha vida cotidiana de forma mais específica do que a que é tratada nessa web. 
E nesses escritos pessoais, assume logo que é um diário, porra eu acabei escrevendo coisas que eu sempre gosto de ler e revisitar a cada vez que coloco mais alguma reflexão. Para ver o quanto evoluí e involuí, em tão pouco tempo.  
Eu tenho certeza que isso é uma grande besteira e que eu vou acordar amanhã muito mas muito arrependida disso, mas acontece que a cafeína é uma droga estimulante que não deve ser ingerida após às 22 h por pessoas sensíveis ao seu efeito.
Coloco citações em ordem temporal pra vocês verem que eu não evoluí em absolutamente merda nenhuma:
Infelizmente, tenho me tornado mais realista que o normal. Esse ano, particularmente, foi muito ruim para mim. Todos os esforços empreendidos e sonhos construídos parecem ter virado o nada. Não tem sentido. parece que tudo que eu (acho que) fiz foi em vão. Ou simplesmente foi uma ilusão.
(Eu adoro essa! Eu ainda te amo, Michael!)
Mas a verdade é que você tem a capacidade de apagar minha mente e meus sentidos, no mais leve imaginar da sua presença. Você é poderoso. Talvez no fundo dessa admiração declarada e explícita, eu sinta medo de ti. Será? 
(Cicatrizes na alma e na carne.)
Por mais que seja uma coisa que só eu mesma vou ver durante a vida, é algo que eu preciso me acostumar.
(Michael)
É culpa sua, Michael. Toda sua. Mas você é digno de perdão.
(E Ele me concedeu a honra e privilégio)
Só peço a esse grande Deus que nos criou que me dê essa oportunidade de provar que sou capaz de enfrentar esse grande desafio.
(A doença que não estou a fim de curar)
Não gosto de fingir que estou bem. Que estou feliz. Espero que não tenha que passar por isso pelos próximos meses.
(Crônico Agudizado)
A sensação que parei no tempo (sic) é latente em meu peito. Não queria que fosse assim, mas não consigo agir de maneira diferente. Não tem mais como modificar algo pronto. (...) Como disse anteriormente, sou muito fraca. Talvez esse é meu defeito. Não consigo enfrentar uma dificuldade com um sorriso no rosto.
(Utopias que foram pra casa do caralho)
 (...) muitas missões não serão cumpridas por mim, o que me desaponta muito. Na verdade, não acho que tenha proporcionado bem a ninguém de forma profunda. É uma sensação de que, se eu e nada são a mesma coisa, é melhor ficar com o nada. Pelo menos, dói menos. Já basta essa dor aqui dentro. Dor da inutilidade.
(A via patológica) 
 James Taylor no rádio, eu até me sinto bem. Sinto que isso não precisa ir pela via patológica da coisa.
(Meu motivo)
Sinto-me levemente lotada de coisas para administrar, mas acho que por enquanto estou dando conta sem me machucar. Isso contribui para que me sinta bem. Afinal, essa é minha única vida: se está bem, estou bem; se está mal, está mal.
Estou ciente e consciente de que esse é o meu ideal de campo de trabalho, no qual posso desenvolver todas as minhas capacidades e ideias, em prol de um bem comum. Se Deus quiser, um dia terei esse lugar ao Sol. 
 Isso foi o que passou pela censura da cafeína nos neurônios. 
Aff, agora bateu a areia nos olhos. É melhor dormir. Beijos no Michael,

Camilla. 

domingo, 22 de maio de 2011

Domingão do Platão

As coisas eram bem mais fáceis quando só tinha você, Michael.

...

Meu koo três vezes.
(Há quanto tempo não falo isso... desde o tempo que eu era alive...


Não que eu tenha deixado de ser.


Não tecnicamente.)



segunda-feira, 16 de maio de 2011

Minhas sinceras desculpas


Nada será como é. Nada é como foi.
Não adianta o quanto você luta por amortecer certas lembranças do passado, elas sempre retornam de algum modo. Porque quando pensamos em nós mesmos, no nosso mundo, podemos sim deixar certos fatos em caixas mais guardadinhas na nossa alma. Mas acontece que o que está externo a nós não sofre essa faxina emocional.
Não importa o quanto eu queira dizer pra mim mesma que acabou, se as pessoas vão continuar me associando ao FAM. E elas não têm culpa por isso, de modo algum. Só me vem aquele sentimento incontrolável de que eu fracassei. E feio.
Ainda me dói muito não poder viver essa utopia. Foi um golpe de faca, junto de todos os problemas que tomaram a minha vida de modo simultâneo. A ferida ainda não cicatrizou, porque a emoção é sempre mais forte. Mas racionalmente falando, não devia me sentir culpada sob nenhuma circunstância, pois sei que fiz o máximo que pude. O foda era tentar chegar a um objetivo em comum e que fosse plenamente executado, o que nunca aconteceu. Falar, falar, incentivar, e quase nunca ver algo se tornando palpável e real. A tal utopia caminhava a passinhos de tartaruga e isso nunca me satisfaria.
Não fui contra aos meus princípios e ao compromisso que firmei comigo mesma. Naquele 26 de junho de 2010, eu prometi que nunca mais faria um MJ World Cry na minha vida. E eu não fiz. Este foi o motivo da minha retirada.
Fico pensando no quanto a minha contribuição foi ambígua: intensa e nula. Intensa no planejamento e formulação de idéias e ações do grupo, tentando organizá-lo e harmoniza-lo, colocando tudo de forma clara naquelas benditas atas de reunião; Fiz tudo o que podia. Mas tudo isso é completamente nulo, porque não germinei nada de útil no Amar, no Maria de Lourdes, na creche Mundo Infantil, e nos outros poucos lugares que estivemos em um ano de atuação. Você não tem noção do quanto isso é frustrante.
Hoje, vi a Lídia Jackson na Uruguaiana por uma louca coincidência e ela me reconheceu. Eu era a garota do fã-clube. É, naquele dia em que fomos com a Lídia e família ao Santa Marta, comecei minha reflexão sobre o que minha ação tinha representado na vida de todas aquelas crianças que eu tinha intenção de ajudar. E o resultado foi desolador. O que eu fiz pela Lídia até hoje? Nada, não fiz nada. Impotência é a palavra de ordem, e fico magoada comigo mesma só de pensar nessas coisas todas.
Eu parei no meu tempo. Fiquei estática por alguns segundos e foi difícil respirar. Até que eu pudesse me focar em outros aspectos da vida para reduzir os danos, custou um bom tempo. O Grupo FAM não me deu endereço nem telefone, está sem dar sinal de vida e não sei mesmo por onde anda. Respeito e amo grande parte das pessoas que estiveram no FAM, exceto uma pessoa, que se eu pudesse deletar da minha mente, eu seria bem mais feliz. Até porque cinismo já está bem old-fashioned, honey. “E que tenha até inimigos, pra você não deixar de duvidar”, diz a canção. Sinto saudades daqueles momentos, mas como deixaram muitas marcas igualmente ruins, é uma saudade de passado, que eu quero deixar bem intocada num arquivo morto. Eu sei que aquilo tudo não volta nunca mais. Nunca mais.
Ainda não me recuperei da minha falta de grana, não me recuperei da ausência das pessoas que eu amo, não me recuperei psicologicamente da minha cirurgia, não consegui ainda aceitar que o meu sonho de mudar o mundo com os sonhos compartilhados com Michael. Hoje eu sou capaz de reconhecer isso.
Por isso, estou distante. E estou me sentindo melhor assim. Minha profissão é minha vocação, minha paixão e salvação, e sempre vou ser grata à ciência da nutrição por me ajudar a reinventar minha razão de viver. Sinto que o conhecimento pode me daru forças, e me agarro a ele como se fosse o último galhinho que impede de cair no penhasco. Eu nunca vou ser uma pessoa com autoestima, até porque, pra mim, isso só existe nos livros de auto ajuda, que deveriam ser denominados “estudos de caso”, por relatarem a ocorrência de um fato muito, muito raro... Porém, esse é o único caminho que eu encontrei para viver os próximos setenta anos.
Querida Lídia, mais uma vez, desejo-te sorte e sucesso. Sua fotinho está junto às imagens de Michael, como se ele estivesse emanando sua genialidade e talento para você. Que Deus esteja sempre com você e sua família, e que a bonança nunca se afaste do seu lar. Obrigada pelo seu carinho, mesmo que eu não o mereça.
Querido Michael, sempre penso em te dizer tantas coisas, mas eu só posso te pedir desculpas, por toda essa confusão, e toda essa desilusão.
Depois de um dia como esses, só meu chá de hortelã pra tornar tudo menos pior...  

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A areia da ampulheta

Um feliz 13 de maio para você que conseguiu se libertar de algum grilhão que a vida lhe impôs.

Parabéns, você é um vencedor.

E é uma exceção.

domingo, 1 de maio de 2011

Produtos do tédio

Depois de tudo, o que me restou foi o painel do Blogger e a inseparável Jb fm.

O tédio é algo que deve estar excessivamente expresso nos meus genes. Por mais que eu tente não externalizá-lo, ele é figura cativa da minha vida.
Ah, os dias...
Os últimos dias, devo admitir, culminaram em alguns desafios e muitos conhecimentos. Mas, hoje eu não acordei a fim de aprender.
Eu juro que tentei fazer um trabalho da faculdade, mas sinceramente, fico me questionando porque tenho que gastar meu tempo e meus neurônios em atividades que não levam a nada. Fiz o mínimo do mínimo e me dei por satisfeita. E a minha monografia? Essa aí só Deus sabe o que eu faço com ela. No mundo das idéias, ela está perfeita, mas no mundo real me dá dor de cabeça só de pensar em como colocá-la pra funcionar.
Acho que estou com um princípio de tendinite, ou alguma coisa que dá uma dor bem chata no punho. Essa é a hora mais que errada pra doer, porque o esforço ainda nem começou.
Sei lá, tenho mil coisas pra realizar, e não posso começar nenhuma delas, por mil motivos. O mercado de trabalho me assusta pela sua escassez, e eu tenho pressa, muita pressa. Não aguento mais isso de não saber se eu tenho o dinheiro da passagem do mês que vem, ou dos próximos meses.
Preciso agir agora, mas é tudo tão complicado. Eu sou complicada. Não só a grana que algumas atitudes envolvem, mas o cansaço e a preguiça. Meu pai dizia que ele não sabia de onde eu tinha herdado minha preguiça, pq ninguém da família era assim.
Ótimo.
O mês que se inicia hoje promete muitas coisas. Vou arriscar muito no âmbito financeiro, quer dizer, já arrisquei ontem, gastando um dinheiro que nem tenho direito em livros. Ah, chega, não dá pra passar pela faculdade sem nenhum livro da sua área. Tenho que estudar pros meus estágios, tenho que estudar pros concursos que quero fazer, e tem que ser assim. Além da mudança na conta bancária, entro na finalização de um dos estágios, e no amadurecimento dos conhecimentos adquiridos no outro estágio... E daí, eu entro no desespero de encontrar um novo estágio! Eu não sei nem por onde começar, na verdade.
Bom, ficamos assim: começo quando meus livros usados chegarem pelo correio. Eu juro.
Ai, o tédio. Tão presente nesses nossos tempos. O dinheiro, a fama, e todas essas coisas frívolas me entristecem. E me deixam sem opção, porque, ao não compactuar com esses comportamentos bestas, eu fico sem nada. Um grande vago.
Ah, claro, só me resta a música.
E os sonhos inatingíveis que se tornam realidade nos sonhos que sonhamos acordados.

Pelo menos, foram 17 minutos sem tédio ao escrever esse texto.

Alguns achados aleatórios sobre a soja na Bireme

Dentre os blogs que defendem uma alimentação mais natural e mais sustentável, a soja sempre figura como vilã. Isso confunde muito as pessoas, porque de uns dez anos para cá, a soja virou um símbolo saúde, difícil de ser dissolvido no senso comum.
Eu instintivamente concordo com esses blogs. Instintivamente.
Não tinha reunido provas científicas até então sobre esse fato, mas eu tenho meus motivos para desconfiar que a soja realmente não seja confiável.
Primeiro de tudo, desconfio de um negócio gigante que fatura milhões e milhões de dinheiros. E que vem eliminando a biodiversidade, em especial do Brasil. Se você passa por Goiás de carro, você só vê plantações de soja. Não há mais nada além de soja. E pro inferno com o cerrado.
Esse tipo de coisa aconteceu com o café, que era muitas vezes tido como vilão da saúde, e aí a associação dos produtores de café bancou umas pesquisas e uns pesquisadores para que o café pudesse ser visto com bons olhos.
Só que a soja é um produto que põe o nosso meio ambiente num risco incalculável. A soja é o grande carro chefe dos transgênicos, negócio empreendido pela Monsanto. E, junto com as sementes geneticamente modificadas, vem os 'cidas' da vida: herbicidas, fungicidas, inseticidas... Essas plantas transgênicas praticamente bebem veneno. A Monsanto estabeleceu um mercado muito cruel e diabólico, na verdade.
Além da soja que você vai consumir ter recebido litros de agrotóxicos e ser transgênica, ela é um alimento naturalmente complicado, por conter diversos fatores anti-nutricionais. Alguns são desativados na cocção, é certo, mas outros sequestram nutrientes importantes.
Quando você ver no comercial do Ades que soja é rica em cálcio, saiba que é MENTIRAAAAAAAA! Soja tem cálcio, mas ela tem uma substância chamada ácido fítico, que no nosso intestino se une com o cálcio e impede que ele seja absorvido. E a mesma coisa acontece com seu ferro. Isso é conhecimento básico de biodisponibilidade de nutrientes.
E sobre a reposição hormonal para mulheres adultas... Ai, ai, sinceramente não sei. Mas a questão do consumo de fórmulas infantis à base de soja de forma deliberada me preocupa bastante, porque dar fitoestrógenos para crianças em desenvolvimento, logicamente pode atrapalhar em sua maturação sexual.
Bom, então nesse domingo bucólico, como a preguiça me impede de fazer um trabalho que eu não quero fazer, resolvi procurar uns trabalho na Bireme, a nossa biblioteca virtual em saúde.
Começando por um do Japão, que fala sobre hábitos alimentares e risco de câncer no ovário. As associações que eles encontram foram positivas para o consumo de "dried or salted fish and Chinese cabbage", que o Google tradutor transformou em "peixes secos ou salgados e repolho chinês", ou seja, um maior consumo desses alimentos determinou uma maior ocorrência de câncer. E, sim, o consumo de tofu mostrou uma relação inversa com o câncer de ovário. Vamos lembrar que os naturalistas dizem que o tal consumo de soja que os entusiastas da soja tanto defendem, na verdade, trata-se da soja fermentada, como no shoyu, no missô e no tofu, e esse processo de fermentação diminuiria seus efeitos adversos. Japonês não come 'carne de soja', barrinha de soja, soja torrada, suco de soja, 'leite' de soja. E é verdade. Vamos dar uma olhada na geniaaaaaaaal pirâmide alimentar japonesa:



A pirâmide em forma de pião é incrível. Pena que eu não consegui achar a imagem onde eles mostram uma alimentação desequilibrada e o bonequinho de cima se desequilibrando!! Cara, muito fofo e didático.
Ah, legal! Achei um ensaio clínico brasileiro que utilizou a isoflavona em mulheres por 12 semanas, e o estudo não demonstrou relação significativa na diminuição dos sintomas na menopausa.
Pra dizer a verdade, está difícil achar estudos que mostrem o lado B da soja. Acho que os pesquisadores não estão mais a fim de questionar os efeitos da soja, estão com medo de desconstruir um mito?
Por exemplo, esse estudo eu não entendi... Infelizmente, está só o resumo. Ele fala sobre a utilização da soja na nefropatia diabética, como forma de prevenção e controle. Bom, pelo que eu me lembre, aprendi que as proteínas vegetais tem menor digestibilidade e deixam mais resíduos proteicos, e no fim acabam dando mais trabalho para o rim. Enfim, posso estar errada, é melhor deixar pra lá...
Bom, cheguei num exemplo bem complicado, que é o que está se discutindo bastante no universo da nutrição brasileiro: a questão de entrada de marcas no financiamento de pesquisas. Veja esse estudo que utilizou uma nova fórmula à base de soja enriquecida com minerais em pacientes com câncer: segundo o resumo diz, acharam e associações positivas em todos os quesitos que avaliaram o estado nutricional. E aí, confio ou não??
Pra finalizar, achei uma revisão narrativa em espanhol que fala sobre soja e massa óssea, mas que apresenta conceitos importantes. As revisões narrativas não são muito badaladas no meio científico, mas eu gosto delas porque só nelas vemos alguns conceitos escritos de forma mais compreensível: leia o artigo aqui. mesmo que fale dos principais achados, ele alerta para o que ainda é desconhecido, como as quantidades máximas e níveis de toxicidade. E esse texto não é tão antigo, é de 2007.
Já que estamos falando de soja, é importante falar sobre rotulagem. Porque, é possível que você não tenha o hábito de consumir sucos com extrato de soja (que na verdade é uma lavagem química do bagaço da soja, de soja mesmo não tem quase nada), carne de soja, ou cozida como feijão. mas todo santo dia você consome um derivado da soja: o óleo de soja!
O óleo de soja é realmente o melhor óleo para ser usado no cozimento dos alimentos, junto ao óleo de milho.  Mas... acontece que esse produto também acaba por carrear concentrações dos agrotóxicos usados na produção da semente. Recentemente, o Brasil permitiu que se aumentasse a quantidade dessas substâncias no óleo de soja. O trecho a seguir foi retirado da seção Pós-Tudo da Revista Radis de julho de 2010:
Antigamente, era permitido ter na soja e no óleo de soja apenas 0,2 mg/kg de resíduo do veneno glifosato, para não afetar a saúde. De repente, a Anvisa autorizou os produtos derivados da soja terem até 10,0 mg/kg de glifosato, 50 vezes mais. Isso aconteceu certamente por pressão da Monsanto, pois o resíduo de glifosato aumentou com a soja transgênica, de sua propriedade. Esse movimento estão fazendo agora com os derivados do milho.  
Com isso, o consumidor deve estar informado da nova legislação de rotulagem de alimentos com relação aos transgênicos. O óleo feito com soja transgênica deve informar isso em seu rótulo, pois é sua escolha querer comer um produto transgênico. Geralmente, ele está presente nas marcas mais famosas: Liza, Soya, Primor, por exemplo. Pode olhar no óleo na sua casa, se ele tem esse sinal de um triângulo amarelo com um T:

E agora, pra finalizar de verdade, um texto bem legal, que confronta a idéia dos transgênicos pela Veja com o que diz o IDEC. Leia na íntegra aqui.
A revista traça um paralelo jocoso entre a liberação dos transgênicos e a "Revolta da Vacina", episódio em que, equivocadamente, a sociedade se rebelou contra a campanha de vacinação promovida pelo sanitarista Oswaldo Cruz. Esqueceu, porém, de mencionar episódios como o ocorrido com a Talidomida, medicamento responsável por uma geração de pessoas com deformidade, os agrotóxicos organoclorados e várias drogas veterinárias, que são cancerígenos, que passaram por análises superficiais e tiveram que ser mais tarde proibidas, com um prejuízo irreparável para a sociedade.
E ainda tem a consideração de chamar a Veja de revista. Pra mim, ela é lixo. Lixo não reciclável.
Continuem vigilantes.

Em tempo: uma reportagem bem esclarecedora no jornal The Guardian. É longa, mas vale a pena! Leia aqui.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Vou não, quero não, posso não, minha ética não deixa não.

Bom... vamos lá.
Sabe quando você tenta estabelecer prioridades e achar um lugar por onde começar a organizar as idéias? Pois bem, estou nesse ponto exato. O pior é que acabei de fazer um minicurso online sobre Atenção Concentrada. Acho que ele não adiantou de porra nenhuma.
Há umas duas ou três semanas, resolvi dar uma limpeza total na minha alimentação. Não só por aspectos nutricionais, mas também pelo ponto de vista ambiental e ético. Comecei a achar um contra senso eu ainda aceitar certos produtos que são completamente contra ao que aprendi (e sigo aprendendo) como recomendado. E se eu, que tenho a informação, não me modifico, como eu vou querer sensibilizar um leigo a ter um comportamento "saudável"? Não consigo mudar muitas coisas aqui em casa, porque minha mãe não tem o costume de me ouvir, mas eu faço o que todo consumidor consciente faz: boicote. Vocês não tem noção da quantidade de chocolate dando sopa por aqui, e eu comendo alface e camarão. Eu tô super bem, tenho certeza do que quero.
Estou como uma iniciante na arte de me conhecer. Descobrir com que alimentos o meu corpo sofre, e que coisas podem me ajudar a contornar meus problemas. Estou em tratamento de choque, digamos, mas estou muito obstinada, tendo certeza de que está fazendo bem ao meu espírito.
Com isso, tenho me indignado com muitas coisas. Na verdade, tudo isso começou há um mês ou um pouco mais, quando fui a uma palestra do Inca, promovida pelo Inad. Ao final, o palestrante mostrou as semelhanças da estratégia de marketing da indústria do cigarro e da Coca cola, desde os primórdios. Ambos se utilizaram das mesmas coisas: imagem de credibilidade por médicos, artistas e esportistas, exploraram a segunda guerra, além dos elementos mais comuns, de promover status a quem fuma ou bebe refrigerante.
Foi a Coca Cola que criou o Papai Noel tal como o conhecemos hoje. O antigo Santa Klaus era magrelo e usava roupa verde. A empresa, então, pediu que se elaborasse a imagem do bom velhinho com as cores da sua marca. Aquele carinha, de bochechas rosadas e roupa vermelha, não é o original, mas a Coca Cola o transformou no oficial.
Acabei 'garrando um ódio da empresa e de toda essa aura de boa moça que ela carrega em suas propagandas desde que me entendo por gente. Até que o palestrante falou algo bem interessante. Ele disse que, há vinte anos atrás, se você pedisse para alguém apagar um cigarro, ia ser algo bem estranho, e certamente essa pessoa ia se recusar. Hoje, o fumo deixou de ser algo completamente descolado, e passou a ser considerado por todos como um comportamento de risco. E, quem sabe, daqui a alguns anos, um adulto não tenha vergonha de tomar um copo de refrigerante na frente de uma criança, por estar incentivando um comportamento não saudável?
Achei uma colocação repleta de esperança. 
Assim como a nova propaganda da Coca Cola, que diz assim:  


Para cada pessoa dizendo que tudo vai piorar, 100 casais planejam ter filhos.
Para cada corrupto, existem 8 mil doadores de sangue.

Enquanto alguns destroem o meio ambiente, 98% das latinhas de alumínio são recicladas no Brasil.
Na internet, AMOR tem mais resultados que MEDO.
Para cada tanque fabricado no mundo, são feitos 131 mil bichos de pelúcia
Para cada arma que se vende no mundo, 20 mil pessoas compartilham uma Coca Cola
Existem razões para acreditar. Os bons são maioria.

O texto é inegavelmente muito bonito, porém, pense comigo, vindo de quem vem, é, no mínimo, hipócrita. Só discordo completamente da frase do meio ambiente, porque todo mundo sabe que a ponta dessa 'coleta seletiva' de latas de alumínio são as pessoas miseráveis que saem catando as latas pelas ruas para arranjar uns centavos e comprar algo pra comer, ou mesmo pra complementar a renda. Não acho que o Brasil deva se vangloriar tanto dessa estatística, se ela se baseia na falta de dignidade de milhões de brasileiros.
Quer ajudar o meio ambiente? Compre menos produtos industrializados. Com certeza, o seu consumo e descarte de latas de alumínio, e outros tipos de lixo, será infinitamente menor. ;-)
Aí é que está. Essas indústrias alimentícias, principalmente essas gigantes, revestem-se de um discurso de responsabilidade ambiental, que na verdade é falso. Fazem esse tipo de campanha, pra aumentar o seu consumo que, consequentemente, vai aumentar a degradação do meio ambiente e do lixo. Dá pra entender?
Agora a Coca Cola diz no que eu devo acreditar? É ela que deve alimentar minhas crenças? Antigamente, isso era papel da Igreja, da fé. Da busca pela paz e pelo conhecimento.
Existem alguns textos na internet que tratam da hidropirataria exercida pela Coca Cola na Índia e a defesa pela preservação da água iniciada pelas mulheres da localidade. Eles usavam a água dos lençóis freáticos em regiões pobres da India de forma indiscriminada, causando um desequilíbrio ambiental absurdo e, como se não bastasse, jogaram os dejetos dessas produção na água que seria consumida pela população. Retirei essas informações de um site que as postou em 2005, mas continua sendo válido:
"Os habitantes", escreve Virender Kumar, jornalista do diário Mathrubhumi, "levam sobre a cabeça pesadas cargas de água potável que eles precisam buscar longe, enquanto caminhões cheios de refrigerantes saem da usina da Coca1". Esta usina bombeia um milhão de litros d'água por dia e às vezes mais. As mulheres são obrigadas a percorrer de cinco a seis quilômetros para buscar água potável, enquanto, ao mesmo tempo, vêm sair da usina entre oito e nove caminhões carregados de refrigerantes. São necessários nove litros de água potável para se fazer um litro de Coca. 
Achou assustadora essa coisa toda na Índia? Lamento te informar, mas isso vem acontecendo atualmente no Brasil, pela exploração da empresa Nestlé. Veja no link o que a Nestlé anda fazendo com a água de São Lourenço.
Há outro aspecto que suja a reputação da Coca Cola como empresa: o monopólio que ela vem exercendo nos últimos anos, e de forma violenta. Ela comprou, dentre outros, a Matte Leão, o Suco Mais, e até o maranhense Guaraná Jesus. Pela internet, você encontra textos de denúncias que, pra mim, não tem nada de impossíveis de serem reais, mais como não aparentaram ser de uma fonte referendada, preferi não colocar aqui.

Bom, e se você já deu Coca Cola pro seu filho, não se sinta ofendido, é só uma reflexão.

E além disso, meu querido leitor, a Coca Cola não tem absolutamente NADA de bom. É água com açúçar e conservantes, e na versão diet, tem os adoçantes em quantidades cavalares. Entre açúcar e adoçante, não me pergunte qual é o pior.
Os refrigerantes tem quantidades elevadas de fósforo, o que promove um desbalanço na relação cálcio/fósforo do seu organismo, ocorrendo uma retirada de cálcio dos seus ossos. Logo, Coca Cola não é um produto pra crianças, pois elas estão em fase de depositar cálcio no osso, e não de retirar. E Coca Cola não é produto pra adultos, pois essa retirada de cálcio enfraquece os ossos e, principalmente nas mulheres, induz à osteopenia e osteoporose.
Além disso, os adoçantes e conservantes dos refrigerantes, e de qualquer produto industrializado, não são e nunca serão substâncias seguras. Ninguém te garante o que realmente acontece no seu organismo quando esses mutantezinhos chegam na sua mucosa intestinal. Já foi provado que indivíduos que consomem maior quantidade de alimentos industrializados tem maior possibilidade de ter câncer de intestino. E também já foi provado que a ingestão de líquidos açucarados, tais como os refrigerantes e sucos de caixinha, tem maior acúmulo de gordura corporal, sendo um fator de risco para obesidade. E a obesidade, por sua vez, como induz a um estado inflamatório generalizado, deixa o indivíduo mais propenso a desenvolver diversos tipos de câncer, além das patologias diretamente associadas, como a hipertensão arterial, diabetes e ateroesclerose.
Um mundo melhor depende muito das nossas escolhas, do que consideramos melhor para a nossa própria saúde, e para o bem estar de toda a comunidade. Prezado leitor, faça o que está ao seu alcance! Não pense que é pouco. Eu não tenho como comprar muitas coisas que são melhores para a alimentação, como os alimentos mais integrais e orgânicos, mas faço o que posso para evitar tudo que é industrializado e desnecessário. Sem soja, sem açúcar, sem adoçante, sem excessos. Já considero que estou dando um grande passo.
Não é questão de consumir a Coca Cola uma vez ou outra, pra não engordar. Não é isso!! É uma questão muito mais profunda, que envolve um massacre da nossa cultura e das nossas preferências alimentares. Não precisamos de Coca Cola para fazer uma festa de aniversário, para um almoço em família ou para sair com os amigos. Você não precisa de Coca Cola para ser feliz. Esse tipo de lavagem cerebral que a bendita globalização faz é gravíssima!!!!!!!!!!
E, se você se interessar mais no assunto, no Nutrindo a Mente também colocar um texto falando também sobre a Coca Cola, enfocando um outro aspecto. Veja aqui.
Não posso compactuar com essas práticas... Estou sendo radical? Talvez... Mas eu só consigo operar minhas próprias mudanças sendo radical. E para resolver males, temos que cortá-los pela raíz.

If you wanna make the world a better place, take a look at yourself and make a change.
(a frase mais multiuso de todos os tempos)

sábado, 16 de abril de 2011

Meu caro amigo

Não nego a existência da seca. Nego seja ela a causa de fenômeno da fome no Nordeste. Como nordestino, como homem da região das secas, como filho de homem do sertão e como neto de retirante da seca de 1877, não nego a existência do fenômeno: é mister, entretanto, que não se explore a questão, dizendo que a culpa de tudo é a seca, quando há outros culpados e mais do que ela. Os males do Nordeste derivam da exploração econômica aí implantada, que fez desta área uma colônia de outra colônia. A princípio, uma colônia de Portugal, explorando colonialmente por outras potências europeias mais fortes e, depois, colônia do Sul do Brasil, explorado colonialmente por várias potências de economia dominante. No Nordeste, a morte é uma tal constante, um fator social de tamanha importância na vida da região, que o que mais prospera aqui são os cemitérios. A maior parte das crianças volta cedo à terra, logo nos primeiros meses de vida, como se estivessem arrependidos de terem nascido em uma terra tão pobre, ou como se não tivessem sido preparadas para uma viagem mais longa. Nascem mais para morrer que para viver, mais para povoar céus como anjos, na consoladora crença de seus pais, do que povoar a terra como homens. Em um lugar onde não é a terra que dá de comer ao homem, é antes o homem que nasce apenas para dar de comer à terra. para alimentar essa terra-cemitério que engorda com sua matéria orgânica. E de que morra tante gente? Morre-se de tudo, mas principalmente de fome. É a fome em seus variados e múltiplos disfarces, o mais ativo dos cavaleiros do Apocalipse que arrasa as populações pobres.
Josué de Castro, em discurso na Câmara Federal, em 1958. 


Caro Josué,
Tanto pensei em lhe escrever, mas a verdade é que as idéias me fogem no momento. Um pouco por vergonha, e em grande parte por minha admiração profunda pela sua pessoa. Seu discurso sempre foi tão alinhado a suas condutas, e isso é tão raro hoje... Infelizmente.
Acho que venho lhe informar do óbvio. A desnutrição e a fome vem sendo paulatinamente vencidas no nosso país, mas ainda assola milhões de pessoas em algumas regiões do mundo, o que não deixa de ser nossa responsabilidade. É até besteira falar isso para o senhor, que foi presidente da FAO!
A desnutrição nos seus indicadores simples vem diminuindo, mas ela vem tomando outras faces, outros disfarces. A transição nutricional agora nos submete a um excesso de alimentos, com muita energia e poucos nutrientes, trazendo a obesidade como o assunto mais discutido no nosso mundo. Mas ainda já a desnutrição não claramente pronunciada: aquela da criança gordinha, com bochechas visçosas, mas anêmica. Síndrome metabólica. Crianças hipertensas. Crianças diabéticas. Sim, Josué, o desafio torna-se cada vez maior.
Digo que o perfil mudou, mas as raízes do problema são as mesmas que estão implícitas nesse trecho de seu discurso. A falta de vontade política, que você conhece tão bem, e outros componentes de ordem social e cultural que mudaram o mundo de forma tão intensa desde que você se foi.
Falta amor ao mundo. Falta compreensão e carinho. Falta ao homem saber o que representa e onde ele se situa. As pessoas não sabem mais que o que elas fazem ou deixam de fazer são uma contribuição ou omissão ao mundo. Fazem as coisas por fazer.
Está todo mundo perdido, e ninguém faz questão de se achar. A ignorância é generalizada em um grau que a minha visão realista me permite dizer que está em um ponto irreversível.
Deveria haver no Brasil a criminalização da banalização. É um troço que ando formulando e pensando por essas semanas. O fato de um indivíduo ou um grupo de indivíduos tratar assuntos diversos de forma volúvel e passageira deveria ser punida.
Novela é um exemplo clássico. Os amores surgem e desaparecem em tempo recorde. O amor é completamente descartável e você tem direito a uns... oito "maiores amores da minha".
Esses programas do tipo "Esquadrão da Moda". Deviam ser proibidos. Uma vez, uma amiga escreveu um post só sobre isso, não vou conseguir achar isso agora, mas pensamos igual. A televisão quer passar pra você, mulher, a noção de que se você tem dez mil reais, um cabeleireiro e uma maquiadora, em dois dias você é uma outra pessoa. Em dois dias, você cria auto-confiança e auto-estima. Essas emoções que são tão íntimas e difíceis de se construir de maneira sólida, o dinheiro vai lá e traz pra você. Bom, não sei o fato de eu   não ser muito feminina me gere essa recusa por esses programas, mas acho que o conceito da coisa está errado desde sempre.
Big Brother Brasil. Ganha um milhão de reais quem consegue fazer intrigas de forma mais engenhosa. Ponto final.
O fato é que já estamos sendo punidos. Quanto mais uma sociedade dita padrões inatingíveis e comportamentos alienantes, o elo mais fraco e mais sensível se quebra, e da forma mais explosiva.
E aí, o que vamos fazer? Vamos colocar detectores de metal nas escolas ou vamos promover uma educação multidisciplinar e acolhedora, que saiba suportar e exaltar as diferenças, pelo bem de toda a sociedade?
Fiquemos com os detectores de metais.
Bom, querido Josué, quero que saiba que ler um de seus livros, há anos atrás, foi inspirador. Situou-me a importância da ciência que resolvi abraçar como profissão. Mas, ao longo desses vinte anos vividos, tenho lá minhas impressões do mundo. Talvez, um pouco distorcidas pelo meu jeito de pensar e meu jeito de ser. É meu viés. E não consigo pensar nutrição sem pensar em amor ao próximo, em ignorância, em poder. Em 2012. Em fim do mundo.
Tudo está interligado. Conto com sua lembrança e inspiração para seguir remando contra a maré every single fucking day.
Um abraço.

domingo, 27 de março de 2011

Será que o Planeta refletiu nessa Hora??

Farto de conselho e de chouriço, mal tá dando o velho coração...
No dia 26 de março, mais conhecido como ontem, a WWF empreendeu a campanha a Hora do Planeta, em que convidava todos os habitantes do planeta que possuem energia elétrica em casa que desligassem as lâmpadas de suas casas. Há dois anos, participei emocionada da mobilização. Ano passado, estava com ódio no coração e pedi para que, ao invés de que pedissem pra gente desligar nossas luzes, que eles sensibilizassem os empresários donos de indústrias que desligassem suas luzes, ou reduzissem sua produção durante uma hora. E esse ano, honestamente... Nem tenho emoção nem ódio, tenho desesperança.
Muitos sonhos e crenças viraram poeira nos últimos tempos, e essa sensação que nem sempre o bem vence está bem latente em mim. Aí não tem como um ato simbólico desse porte me sensibilizar. Não mesmo.
Aliás, eu estou meio farta de atos simbólicos. Vamos parar pra pensar um pouco na Hora do Planeta? Este é um movimento que não incentiva a despertar a consciência ecológica em ninguém. O que acontece, na verdade, é uma manutenção do estado inicial. Explico-me: as pessoas que já possuem consciência da importância de cuidar do meio ambiente vão aderir no ato, e achar que a sua execução é de extrema importância, porque aproxima as pessoas em prol de um objetivo comum, de tamanha nobreza. Agora, as pessoas que não possuem qualquer consciência, podem até aderir à modinha no momento, porque falou no jornal ou porque viu que algum amigo vai fazer. Ou porque viu que até o youtube "apagou as luzes" da sua tela. Mas estas pessoas não vão reproduzir, a partir disso, comportamentos que possam ajudar na proteção do meio ambiente. Vão continuar jogando lixo pela janela do ônibus, por exemplo.
Um hora durante um ano quantitativamente não fará enorme diferença, e acredito que isso é óbvio para todos. Mas o pior de tudo, é que nem simbolicamente ela surte efeito.
Pensando nisso, resolvi buscar em alguns sites dicas simples que, quando realizadas diariamente AÍ SIM, surte efeito e ajudam o meio ambiente. E vou dar alguns pitacos pessoais, afinal é pra isso que existe o blog.
O interessante é que algumas propostas são bem simples mesmo.
Uma categoria bem presente é a que envolve deslocamento: ande a pé ou de bicicleta, dê preferência aos transportes coletivos, use mais a escada. Outras de maior dificuldade, como a proposta de reciclagem e de não jogar lixo eletrônico no lixo comum.
Bom, a questão da reciclagem é algo que está em voga no Rio de Janeiro atualmente, pois a prefeitura declarou que até 2013, todo o lixo da cidade terá coleta seletiva. O que eu acho realmente difícil. E a reciclagem passa muito por uma questão educacional. As crianças atualmente tem isso de forma bem extensiva nos currículos do ensino básico, mas e nós, os véios?? Estamos devidamente orientados?? Ok, a latinha de alumínio vai na lata do alumínio, ótimo. Mas olha pra sua lata de lixo, e veja se você consegue categorizar bem todos os itens que se encontram lá naquelas cinco lixeiras. Não é tão fácil. Um exemplo bem idiota: você come um bombom Serenata de Amor num calor de 40 graus, e naturalmente o papel fica todo cagado de chocolate. Beleza, você joga a embalagem de plástico na sua lixeira? Mas aí, não vai sujar de coisa orgânica? Vale a pena lavar aquele plástico, pra descascar aquele papel laminado todo? Eu não sei a resposta.
Eu não faço a separação do lixo em minha casa, mas é importante dizer que mesmo se você não tiver coleta seletiva no seu bairro, você pode separá-lo se quiser, porque de qualquer for o lixo chega no aterro sanitário mais "dividido", o que acaba facilitando o trabalho dos catadores. Há também uma coisa importante a se comentar, e que é muito recorrente. Quantos jovens existem por aí que se inspiram tanto nessas idéias e não conseguem colocar todas essas idéias em prática porque muitas vezes não tem apoio ou não conseguem sensibilizar as pessoas que convivem com ele na mesma casa. Bom, eu sou um exemplo meio torto disso. Santo de casa não faz milagre mesmo! Minha mãe acredita mais na televisão do que em mim, essa é a verdade. Não consigo imaginar fazer uma separação do lixo aqui em casa se não a convenço a parar de usar caldos industrializados. mas um costume que consegui adotar aqui em casa é a separação das embalagens Tetra Pak. Já faz uns bons meses que elas não vão pro lixo comum por aqui. Começou como uma forma de ajudar uma instituição que reverteria as caixas em dinheiro para fazer uma reforma, e acabou se tornando um hábito natural e muito simples. É só ter o cuidado de lavá-las com um pouco de água e detergente para não atrair formigas e outros bichos, e pronto. Um site chamado Rota da Reciclagem reúne os endereços de locais que fazem a coleta desse material, e localiza para você qual o local de coleta mais próximo da sua casa.
E a questão do lixo eletrônico é complicada. Lembro que fiz um trabalho sobre isso ainda quando estava na Veiga. Na teoria, os fabricantes deveriam disponibilizar locais de recolhimento desses aparelhos usados, mas não é muito bem o que acontece na prática. A questão das pilhas já está mais desenvolvida: em supermercados e bancos, é possível dar cabo desses materiais danosos ao meio ambiente. Agora, e aquele HD daquele seu computador de 1995? Faz o que, pendura no pescoço e finge que é pingente exótico? Não dá, né. Tudo bem que, pelo menos aqui no bairro, temos alguns caminhões que pertencem a instituições de caridade que passam recolhendo todo tipo de donativo. Se algo puder ser consertado ou aproveitado, tudo bem, foi para alguém que precisa. Mas e se não acontecer isso, você não acha que vai pro lixo do mesmo jeito?? E esse problema é gravíssimo, porque existem metais pesados perigosos nesses componentes eletrônicos. E a maravilhosa indústria aumenta sua venda de duas formas fantásticas: produz mercadorias cada vez mais vagabundas; e induz ao desejo de consumo pela propaganda, para que o Maiquinho troque de celular a cada seis meses
E tem outras questões que envolvem a racionalização, e que me agradam muito:
- Diminuir o consumo de papéis, utilizando mais a comunicação eletrônica como e-mails. (Sempre que usar uma folha de papel, pense que é uma árvore. Funciona bastante.)
- Diminuir o tempo no banho. (A mais difícil pra mim, porque é tipo uma terapia pra diminuir minhas dores e pra descansar a cabeça.)
- Quando possível utilizar mais o ventilador ao ar condicionado. (Seja ecologicamente correta, faça como eu! Não tenha ar condicionado!)
- Não desperdiçar comida. (NEVER, NEVER, NEVER! Desperdiçar comida é uma coisa que a gente tem que cuidar sempre... Tem que fazer um planejamento pra realizar as refeições, pra não sobrar demais e estragar. Agora vai dizer isso pra mamãe.)
- Diminuir o consumo em geral, evitando comprar apenas por impulso ou modismo. (Seja constantemente POBRE, quero ver você comprar por impulso.)
- Adotar um estilo de vida mais simples.
- Fazer doações de roupas, móveis ou objetos que ainda estejam em bom estado para uso. (semana passada, tirei todas as roupas do meu armário e tirei metade de cada tipo. Minha mae ficou com quase tudo pra ela, ou seja, não adiantou de porra nenhuma).
- Comer menos, comprar menos, gastar menos (mais conhecido como Método Julius)
*Dicas retiradas do Ecos na Sala


Na verdade, acho que a coisa tem que ser mais agressiva. Acho que as pessoas tem que começar a acreditar mesmo que o próximo pode ser ele, ou alguém que ele ama. A tragédia do Japão tem que ficar como exemplo, não só para mim, que tenho uma pessoa querida que mora lá e que me traz aflição pela sua segurança, mas para todo mundo. 
Um outro exemplo pessoal: uma vez, estava vendo televisão, e uma reportagem falava sobre a quantidade enorme de plástico que existe por aí, e no final, um especialista falou sobre o malefício que isso causa. Ele disse que o risco está na condição de que o plástico se degrada de forma particulada, e com isso pode ser consumido pelos animais e, como eternos otários do fim da cadeia alimentar, pelos seres humanos. "Logo, podemos estar comendo plástico". Isso fez efeito em mim. Eu estava comendo naquela hora, aliás. E aí, fez efeito em você??
Agora, tem um aspecto fundamental que deve ser levantada, que tem relação com as práticas alimentares. Não há melhor modo de se reduzir lixo do que a redução de consumo de alimentos industrializados. E com isso, há uma melhora imediata do perfil de consumo de alimentos das pessoas. Pense bem, quantas coisas você come ao longo do dia que vem de dentro de pacotes? Quer dizer, define-se melhor como alimentos que estão prontos pra consumo ou de rápido preparo. Se você reduzir esses alimentos de forma significativa, vai fazer um bem ao meio ambiente, por reduzir a quantidade de embalagens e de recursos naturais que certamente essas fábricas estão usando para produzir esses alimentos. Além disso, vai te fazer um bem tão grande... Você terá uma alimentação sem excesso de açúcares, gorduras saturadas e trans, sódio e outros conservantes. 
Acho que a alimentação é a melhor forma de entendermos que o que faz mal ao meio ambiente também faz mal para nós, com a mesma dose de devastação.
Deixa o refrigerante, o biscoito, o nugget, o peito de peru defumado, a lasanha congelada. Até mesmo o adoçante. Tira isso da sua despensa. Ultimamente, eu ando com um nojo da Coca Cola, por ser uma indústria tão... nojenta. Estou até pensando em fazer uma prática educativa falando só sobre refrigerantes. Mas enfim, esse assunto é pro "Nutrindo a Mente".
E aí, depende da consciência de cada, e do desenvolvimento de uma nova forma de lidar com o sabor. Ei, jovem! Quando você não come determinado alimento, pode ter certeza que ele passa a não aparecer mais na sua despensa. 
Para finalizar, faz bem também ao meio ambiente não julgar uma pessoa precipitadamente. 
Depois desse relato meio ambientalista, volto para minha vibe melancólica, pelas missões que nunca conseguirei cumprir. 
Já cansei de protestar em vão
Só existe a paz no coração 
De quem ama e é amado.