terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Unbreakable...?

Ultimamente venho sendo consumidor forçado de drágeas, comprimidos, cápsulas e pomadas que me levaram a meditar na misteriosa relação entre a doença e o remédio. Não cheguei ainda a conclusões dignas de publicidade, e talvez não chegue nunca a elaborá-las, porque se o número de doenças é enorme, o de medicamentos destinados a combatê-las é infinito, e a gente sabe o mal que habita em nosso organismo, porém fica perplexo diante dos inúmeros agentes terapêuticos que se oferecem para extingui-lo. E de experiência em experiência, de tentativa em tentativa, em vez de acertar com o remédio salvador, esbarramos é com uma nova moléstia causada ou incrementada por ele, e para debelar a qual se apresenta novo pelotão de remédios, que, por sua vez...
De modo geral, quer me parecer que o homem contemporâneo está mais escravizados aos remédios do que às enfermidades.
Ninguém sai de uma farmácia sem ter comprado, no mínimo, cinco medicamentos prescritos pelo médico ou pelo vizinho ou por ele mesmo, cliente. Ir à farmácia substitui hoje o saudoso hábito de ir ao cinema ou ao Jardim Botânico. Antes do trabalho, você tem de passar obrigatoriamente numa farmácia, e depois do trabalho não se esqueça de voltar lá. Pode faltar-lhe justamente a droga para fazê-lo dormir, que é a mais preciosa de todas. A conseqüente noite de insônia será consumida no pensamento de que o uso incessante de remédios vai produzindo o esquecimento de comprá-los, de modo que a solução seria talvez montar o nosso próprio laboratório doméstico, para ter â mão, a tempo e hora, todos os recursos farmacêuticos de que pode necessitar um homem, doente ou sadio, pouco importa, pois todo sadio é um doente em potencial, ou melhor, todo ser humano é carente de remédio. Principalmente, de remédio novo, com embalagem nova, propriedades novas, e novíssima eficácia, ou seja, que se não curar o mal, conhecido, irá curar outro, de que somos portadores sem sabê-lo.
Em que ficamos: o remédio gera a doença, ou a doença repele o remédio, que é absorvido por artes do nosso fascínio pela droga, materialização do sonho da saúde perfeita, que a publicidade nos impinge? Já não se fazem mais remédios merecedores de confiança? Já não há mais doentes dignos de crédito, que tenham moléstias diagnosticáveis, e só estas, e não, pelo contrário, males absurdos, de impossível identificação, que eles mesmos inventaram, para desespero da Medicina e da farmacopéia?
Há laboratórios geradores de infecções novas ou agravadoras das existentes, para atender ao fabrico de drogas destinadas a debelá-las? A humanidade vive à procura de novos males, não se contentando com os que já tem, ou desejando substitui-los por outros mais requintados? Se o desenvolvimento científico logrou encontrar a cara de males tradicionais, fazendo aumentar a duração média da vida humana, por que se multiplicam os remédios, em vez de se lhe reduzirem as variedades? [grifo nosso] Se o homem de hoje tem mais resistência física, usufrui tantas modalidades de conforto e bem-estar, por que não pára de ir à farmácia e a farmácia não pára de oferecer-lhe rótulos novos para satisfazer carência de saúde que ele não deve ter?
Estou confuso e difuso, e não sei se jogo pela janela os remédios que médicos, balconistas de farmácia e amigos dedicados me receitaram, ou se aumento o sortimento deles com a aquisição de noutras fórmulas que forem aparecendo, enquanto o Ministério da Saúde não as desaconselhar. E não sei, já agora, se se deve proibir os remédios ou proibir o homem. Este planeta está meio inviável.


ANDRADE, Carlos Drummond de, “o Homem e o Remédio: Qual o Problema?”, Jornal do Brasil, 26/7/80


Hoje [eu escrevi isso na quinta-feira passada ^^], depois de horas e horas estudando química, fui dar um tempo no computador, já que na televisão na há absolutamente nada que preste. Revi o Private Home Movies. Como diz o nome, ele reúne vários vídeos caseiros de Michael, de várias épocas diferentes, em muitas ocasiões legais. Eu gosto das mais atuais e inusitadas, tipo Michael fazendo compras no mercado. Dá pra ver que ele pega as frutas, olha, e seu olhar diz assim: “tá, e agora o que eu faço?”, hahaha; e ele dançando no carro... sem comentários! Eu adoro esse programa. Quem não adora?
Vendo que o tempo não passava até chegar a meia noite, quando a simples mortal aqui pode usar a internet, fui ver uns clipes. Cheguei em You Rock My World. É difícil exibirem a versão completa, começando com Chris Tucker e Michael no restaurante chinês (as cenas de backstage do momento em que eles saem do restaurante sem pagar é mais hilária, é rachante! E eu tinha acabado de ver no Private).
Todo cidadão que me conhece e admira MJ sabe que eu não gosto de uma fase dele. A era Invincible. Por mim, podiam passar uma borracha em tudo, tudo dessa época. E deixava só o cd, afinal é o melhor CD da década, eleito por voto popular na BillBoard, senhoras e senhores xD. Agora, toda a agonia de se fazer um trabalho em que a sua própria empresa te veta e te boicota, tira isso tudo e põe na lata do lixo, por favor.
O clipe me dá aflição, porque raramente consigo olhar nos olhos dele. O chapéu e os takes os cobrem. E as vezes que eu os vejo, não me transmitem o de sempre. Na entrada do show de 30 anos, abraçado (ou rebocado) com a Liz Taylor, com os botões da calça todos abertos. Tá, pode ser engraçado, mas quando olho pros olhos dele, a cueca branca já não tem mais graça. E no show propriamente dito, quando ele não tira a porcaria da mão da boca. Alguma coisa ele fez, e não deu certo. Aliás, o que ele fez nessa época e deu certo??
Michael esteve escravizado pelos medicamentos em três épocas de sua vida. Em 1993, de 2004 a 2005, e em 2001. A primeira é um fato, a segunda, eu li ontem no livro do Taraborelli e não acho difícil que seja verdade, e a terceira, é o que diz minha intuição. E acho que a intuição de muita gente.
Nessas três situações, Michael estava mal, muito mal, por motivos intrínsecos às datas relacionadas. E não, sem chance de ele ter esse vício desde o acidente da Pepsi, sem interrupções, porque senão ele já estaria no seu quarto fígado.
Aí alguém talvez pergunte: ué, e agora, ele não morreu por problemas de medicamentos??
Bom, isso é o que dizem... Mas por que ele tomaria isso, se tudo estava bem?
Pode ter acontecido? Pode... tudo pode acontecer, é tudo uma questão de probabilidades.
Acho muito pouco provável que o homem que se apresenta atuante e totalmente consciente de cada nota musical que entra em seu show estivesse sob efeito de algum anestésico.
Geralmente se toma esse tipo de medicamento, quando a pressão e a dor (física e emocional) é tão forte, que não se quer estar ligado em tudo... Mas não é o que vemos em This Is It. Outro dia estava vendo Michael numa mesa de reunião, comendo salgadinho e escolhendo os cenários de Earth Song de forma muito atenta. Não parecia que tinha tomado nem Propofol, muito menos o Demerol. Bom, é uma opinião.
Um dia, uma amiga me falou uma coisa que eu nunca vou me esquecer. Ela me perguntou se eu lembrava daquela ocasião em que o Michael e o Mackauly Culkin fazem uma zorra no estúdio de gravação de Black or White, fazendo uma guerra de tortas com o diretor do filme, John Landis. Eu disse que sim. E ela me falou mais ou menos assim: “Ele estava tão feliz que gritava e pulava... Michael é uma pessoa que sabe se divertir. E que sabe se divertir, não se mata”. Pra mim pelo menos fez todo o sentido.
Eu digitei esse texto tem um bom tempo, quando peguei um livro pra ler, sobre a propaganda da indústria de medicamentos. E amei esse texto que foi colocado na introdução. Sabia que um dia ele poderia ser compartilhado nesse cafofo virtual.
Pra mim, ele sugere que, por mais uma modalidade, estamos sempre sendo treinados a perder a objetividade da nossa vida, perder a nossa autonomia. Precisamos nos tornar dependentes de coisas externas, que pensamos que vão nos trazer o que sonhamos, para que esqueçamos que é no nosso interior que está a resposta, ou a cura (Angélica Vale mandou lembrança xD).
Sempre quando eu leio a parte em que Michael está na reabilitação e diz a uma pessoa: “O problema não é o Joe, não é o Evan. Sou eu”, eu gelo. É isso, é exatamente isso [sei lá se isso é verdade ou não, mas vale mesmo assim].
Siga o exemplo de Michael Jackson: tome as rédeas de sua própria vida. E não, não estou sendo irônica.


Pode faltar-lhe justamente a droga para fazê-lo dormir, que é a mais preciosa de todas.

4 comentários:

Luacarol disse...

Ai o que escrever??
Bom, sei lá... Invincible é algo complicado mesmo. Porque como já disse a Day uma vez: mesmo meio atordoado de remédio ele ainda cantou e dançou melhor que todos os convidados and brothers juntos!!!!
Mas a mim também dá uma certa aflição. Não sabemo o que ele fez, não sabemos a qtas andava o Lupus, não sabemos se as colocações da mão na boca não são consequência de uma aplicaçãozinha de botox, sei lá.
Agora é complicado falar de MJ e medicamentos, nunca sabemos o que é verdade, que é exagero da mídia. Mas concordo com vc que agora ele não precisaria disto e isto nós já conversamos inúmeras vezes.
Ficaremos com a prova documentada de que ele estava bem qdo nossos dvds chegarem... talvez seja nossa última lembrança dele =[
Adoro ver aqui e ler vc, beijo

Autora inútil disse...

Meu..
vc falou tudo.
E eu concordo 100% com o que a sua colega falou, quem sabe se divertir não se mata. Eu posso usar meus 5 períodos de psicologia pra dizer q ele não tem característica suicida nenhuma, embora eu seja totalmente contra julgamento de longe, e foi isso o que aqueles psicólogos fdp fizeram com ele desde 93.
Invincible realmente é um dos melhores, senão o melhor álbum dele, na minha opinião. Acho que isso se deve muito ao significado que aquelas canções estão tomando hoje, e eu poderia dizer que HIStory é o lugar pra onde eu vou qnd quero escapar dessa pressão louca da hoax.
No 30th anniversary é indiscutivel a aparência estranha dele, um tanto apático,eu diria. Mas eu me recuso a acreditar que era por conta de anti-depressivos. Minha mãe jah tomou muito, muito mesmo, e não tem condições nem de andar direito, qnt mais de dançar.. ele dançou divinamente...
Eu creio que aquilo seja ou um botox loco, ou o próprio interior dele visivelmente machucado.
You rock my world me dá agoniazinha tbm.. meu tio não assiste pq diz q é deprimente.. eu não consigo não assistir pq, sinceramente, aquele clipe é 10 ahuahuahuhua.
Velho, esqueci o q mais ia dizer, então vou mudar de assunto.
Fato é que ele é a pessoa mais certa da cabeça que eu já vi, pq eu duvido lguém no lugar dele fazer melhor.
E por mais que o que ele falou sobre o problema na verdade ser ele mesmo tenha te preocupado, me deu uma sensação de "graças a Deus, ele sabe o caminho certo", pq é por não saber onde detectar o problema que as pessoas se perdem...
Enfim, eu espero que as coisas não sejam como a Marilia falou, espero que essa não seja nossa última lembrança dele =(
Como vc falou, será q vale a pena ele voltar? Mas o q eu penso é.. meu, pra que isso se ele não voltar? E o "let me breath in my own time"? Sei lá.. tem horas q nada faz sentido..

E o R. Kelly ainda vai me matar com aquela música dele, pqp.. T_T

Só Deus sabe o que eu sinto qnd chega no "Lembre-se que você não está sozinha
Estarei sorrindo para você, minha querida
Lembre-se o papai continua aqui.."

T_T

Anônimo disse...

Como sempre escreve muito bem... concordo em número e grau!!! Meu magrelinho tava super consciente, aliás, há muito tempo não o vejo tão seguro e alegre assim. Em invincible é só olhar nos olhos dele que vemos que tá pra lá de Marrakesh. Mas infelizmente nunca saberemos toda verdade, que ele ainda está entre nós, quase boto minha mão no fogo!!!

Unknown disse...

Luacarol... sei o quanto a gente fica dividida nesse assunto. Ah sim, não dá pra confiar na mídia, eles rapidamente inventam coisas que não fazem o menor sentido. Teve um que falou q encontraram maconha na casa do maico. Ora bolas, uma pessoa que pra dormir usa litros de propofol, segundo eles mesmos, o que faz usando maconha? putz, não deve coçar nem meio neurônio.
é um exeplo extremo de mídia tonta, ahushaushaus, mas é por aí que a banda toca. O clima é outro, a coisa é outra. Podem dizer que o filme é editado e tudo mais, mas gente, tem coisas que ficam evidentes. E se michael estivesse mal, a gente ia perceber, mesmo com edição tendenciosa. No palco, é uma coisa. Ele é artista nato, e tipo, como disse uma vez a pessoa que aparece como anônima nesses comments, hahaha, mesmo que ele com 30% a menos da capacidade de dançar, ele ainda estaria dançando de forma espetacular. E foijustamente o que aconteceu.

Autora inultil, realmente essa coisa de perfil de... pode tanto ajudar, como arruinar. Arvizo não teria existido se uma pessoa qq fosse falar uma coisa que achaaaaava que tinha acontecido. Mas enfim. Suicida, ele não seria. Pode ter certeza que, se ele quisesse tomar seus remédios, no mínimo um desfibrilador ele teria em casa. Afinal, ele quereria dormir, e faria esse investimento pra não dormir pra sempre.É estranho pensar nisso, mas acho q ele teria essa 'cautela'. Até pq não tem a ver com depressão, nem com momento difícil. Se ele tivesse se drogado, era pra dormir mesmo, e só. Espero que o q eu falei tenha feito algum sentido, hahaahah.
Não acredito que ele tomasse antidepressivos. Ele devia tomar o tradicional e basicão demerol, diazepam e afins. Até pq, durante a turnê dangerous, depois de agosto, ele seguiu a turnê, mas já tava afundado nos analgésicos. E cantava e dançava. Com alguns shows cancelados, mas ia lá e dava o seu recado.
Não, então, quando eu digo que ele reconhece que o problema tá em simesmo, eu tbm acho bom. É pq é impactante mesmo, sei lá...
Let me breathe... quem precisa respirar somos nós, alives! hahaha! vamos ver amanhã quem escreveu o speech das crianças. Se elas mesmas ou se receberam a ajuda do papai... Se o papai volta... Não quero mais me fazer essa pergunta. Prefiro deixar como está. Se isso um dia acotnecer, tenho certeza, que tanto os rips, quantos os alives, vão ficar surpresos. o Mundo todo. E essa coisa 'mega', essa mega repercussão, esse mega bafafá é que me dá medinho. O que podemos fazer? Por isso eu não culpo os rips, por se manterem firmes e não se abrirem as evidências, porque é muito difícil ter quelidar com uma incerteza tão séria como essa. E não é qq um que tá preparado pra isso. Alias, tem muito hoaxer sem estrutura emocional pra isso, e eu falo sério, tô preocupada...

Anônima Taíssa, ahsuhaushaus, pode falar que é vc, pessoa? ahsuahsuashu!
São poucas as coisas que sabemos com certeza na vida de michael. Muito poucas. E acho que como reflexo da vida, a morte tbm tinha que vir cheia de mistérios. Cara, eu ponho minha mão no fogo. Se eu me queimasse, era simples, me jogava na fogueira, que tava tudo certo! ashaushaushaus!

Bjosssss! Valeu pelos comments povo!