sábado, 19 de março de 2011

Três coisas que não me impedem de jogar a TV pela janela

Depois de algum tempo, um texto de amenidades. Vamos ver se ainda sei fazer.
A televisão é um vício recente. A necessidade da sua presença na sala de estar em todas as casas e classes sociais é coisa da nossa geração, por mais que os mais velhos tenham assimilado o hábito de ver TV de forma bem natural. Lembro do meu avô, que sempre às 17h, falava: "Agora vou ver minha Araguaia...". Disso eu sinto saudades.
No entanto, a televisão se tornou um lixo eletrônico, no sentido máximo dessa expressão, especialmente na última década. O jornalismo é nojento, sensacionalista e espreme-até-sair-sangue, mas todo mundo está cansado de saber da função "manipular" que vem embutida nesse aparelho. Pena que não dá pra desativar essa função no controle remoto.

Os programas de entretenimento propõem uma forma no mínimo estranha de diversão. Aquele programa do Rodrigo Faro é de dar dó, e faz o maior sucesso. Teve um dia que ele estava imitando o Cazuza, e a produção colocou uma maquiagem que tentava imitar a magreza excessiva do Cazuza. Era bem grosseiro, e achei desrespeitoso, porque ele não era magro porque queria. E nem é algo que deveria ser exaltado de forma caricata, porque se tratava da consequência de uma doença. Enfim, algo que não leva a absolutamente nada, muito menos a diversão. Pelo menos para mim.
Atualmente, até que eu vejo bastante televisão, porque o cansaço é tão crônico que procuro algo em que não tenha que pensar muito. E a TV foi feita pra isso, não é?
O primeiro programa que eu realmente gosto de ver é Futurama. Um desenho animado nem um pouco inocente, e muito menos para crianças. Um dos criadores dessa série também idealizou Os Simpsons, por isso a semelhança de estilo. Porém, tem um conteúdo bem mais nerd.

É tão nerd, tão politizado, e tão americanizado que eu acho que eu não entendo nem metade das piadas, mas ainda assim consigo dar umas gargalhadas de 80 decibéis.
Citando Futurama:
  • Bender: Eu vou construir meu próprio parque de diversões, com jogos e prostitutas! Tá, esquece a parte do parque de diversões... 
  • Bender: Vocês humanos atiram DNA uns nos outros para fazer bebês. Eu acho isso ofensivo. [cara de desdém] 
  • Leela: Bender, você está me chantageando? Bender: Não, eu não faria isso, eu prefiro chamar de extorsão. O 'x' deixa a palavra mais interessante.  
  • Leela: (para Fry) Eu vou te fazer lembrar o que é ser um humano de um jeito que só uma mulher pode fazer. Prof. Farnsworth: Ela vai lavar a roupa dele??? 
  • Bender: Então Deus, será que você poderia me mandar de volta para a Terra? Deus: Terra?? Onde fica isso?? (essa deu MEDA) 
Adoro Futurama não por ser inteligente, porque na verdade eu não entendo nada da parte de ficção científica e afins que é bem desenvolvida na série. Gosto porque é atrevido. A Band retirou Futurama do horário nobre, então não poderei mais acompanhar. Mas me despedi deles em grande estilo, com um episódio em que a gente podia fazer diversos paralelos com o populismo, fascismo e outras formas de governo radical, realmente sensacional.


Bender é o robô mal encarado que leva esse desenho pra um outro nível. Essa cara de mané canastrão que ele tem é impagável, a piada já começa aí. Um sujeito de metal de caráter questionável, sempre com seu charuto na boca.
 
Por mais que seja um 'desenho-cabeça', tem seus momentos que apelam ao sentimento do telespectador. Kiff e Amy formam um casal fofo ao extremo: ela, uma garota riquinha e volúvel, ele, um extraterrestre muito tímido e carinhoso.

Leela em especial vive uma história mais dramática, por não conhecer os pais e se considerar um exemplar único de algum tipo de extraterrestre que tenha habitado um planeta desconhecido. Sente-se sempre uma estranha no ninho e tem más recordações de seu tempo no orfanato. No episódio em que ela encontra os pais, ela descobre que na verdade eles são mutantes que vivem no esgoto na cidade de "Nova Nova Iorque", e que eles a deixaram no orfanato para que ela pudesse ter uma vida melhor, com menos preconceito, já que os mutantes são seres menos importantes que os extraterrestres. No fim desse episódio, eles dizem que nunca a deixaram sozinha, e vão mostrando imagens ao longo de sua vida, com mãos vindas dos buracos e dos ralos que a protegiam de perigos que ela nem percebia. Foi muito fofo e delicado.

E Fry! Um grande representante do americano idiota versão 2000, criado pela TV e pelo videogame, sem nada mais interessante na cabeça, mas que no fundo é um sonhador. Grande amigo de Bender, e apaixonado por Leela.

Mas, coitado, ele é um idiota, e isso não atrai em nada a Leela. E mesmo ele fazendo coisas fofas, fazendo acordos com o demônio robô para impressioná-la, e até sacrificando sua própria vida, Leela não dá uma oportunidade.

Há muitas outras coisas interessantes que eu poderia comentar sobre Futurama, mas aí precisaria de memória, e de recursos básicos como uma internet decente. Como essas coisas inexistem, fica só aqui declarado meu amor por Futurama. E minha saudade de ouvir Bender dizer "Ah, morda o meu traseiro de metal!"

Nossa, daria até pra terminar esse post por aqui, de tão linda que ficou essa seção Futurama!
A segunda coisa que me motiva a ver televisão é CSI. Há alguns anos, eu vi um episódio, e não gostei.

Talvez estivesse numa outra vibe. Mas, hoje, enxergo essa série como algo importante pra minha rotina.

Acho importante ter algo que te dê um senso de justiça, mesmo que fictício. Além de eu particularmente achar linda e poética a busca da verdade através da ciência. talvez eu seja suspeita pra falar sobre essa assunto, olhando por essa ótica.
Pode parecer uma coisa repetitiva, ter todos os dias um episódio que segue um protocolo, e que vai sempre pela mesma estrada, até encontrar-se com seu desfecho. Por isso, encaixa-se tão bem na rotina, porque não é isso que ela é essencialmente? Os dias não são todos iguais, mas seguem sempre as mesmas etapas para chegar ao fim.
Nessa série, eu tenho meu mentor intelectual: Gil Grissom. Aquele cara que eu fico olhando e ouvindo as coisas geniais que ele fala... É inspirador. Talvez eu esteja desenvolvendo um amor platônico pelo personagem, mas acho que não é nada muito grave. Acho.

A relação de Gil Grissom e Sara Sidle, que era escondida até alguns episódios atrás, também é algo bem relevante na série. Eu adoro casaizinhos fofos. É claro, por exemplo, que eu adoro Fry e Leela. O fato de ser escondida gerava uma espécie de linguagem não verbal entre as personagens que era muito interessante.

Pena que uma assassina em série percebeu essa linguagem não verbal e a usou contra Gil Grissom. O simples ato de passar a mão no braço de Sara para pegar a alça de uma câmera fotográfica. A assassina das miniaturas sequestrou Sara, e então Grissom acabou por assumir para os colegas que eles tinham um relacionamento.

  • Grissom: Já que eu tirei dela o que ela mais amava, ela quer tirar de mim o que eu mais amo. [Caras de WTF da equipe]

Foram muitos os momentos fofos, mas por enquanto Sara deu uma surtada e sumiu. Bom, na verdade, tudo é um mistério. No final do episódio de ontem, Grissom estava em casa, atendeu o celular, esticou-se no sofá e soltou uma risada suspeita. Ela deve estar para voltar então...
Grissom é um cara que definitivamente não existe. Tem um conhecimento tão profundo sobre as coisas... É intelectual, mas não é arrogante. Só tem aversão a qualquer comportamento ignorante, tais como o puxa-saquismo. Simples, mas genial. Um cara que vez ou outra cita Shakeapeare. Cara, que geninho.
Outras citações de CSI:

  • Sara: Eu já ouvi dizer que, depois que as abelhas forem extintas, a raça humana sobreviverá somente por mais três anos. Grissom: Isso não foi cientificamente comprovado. Sara: ...Ah. 
  • Rhodes: Obcecados dolorosamente tristes têm muito tempo livre. 

Enfim, gosto de assistir CSI porque é algo que eu acho que transmite várias coisas interessantes para o meu subconsciente. Justiça, verdade, ciência, vida, morte. Um mix de palavras e vivências tão complexas. Pode-se aprender sempre.

Imagina transformar a sua infância num seriado de comédia? O meu seria perfeito: uma menina sempre em lugares inapropriados pra sua idade, que aprendeu grande parte das coisas que sabe ouvindo a conversa dos bêbados, azarada desde o berço e cdf. Nossa, seria um sucesso. Mas não tão grande quanto a vida de Chris Rock transformada em Todo Mundo Odeia O Chris.

Como bem disse o Marcos Mion, o Chris é o Chaves da Record. Tudo que é janela de horário, eles passam essa série. Então, não foi bem uma escolha colocar o Chris na minha seleção televisiva, é porque muitas vezes só tem isso pra ver. E como não é ruim, você acaba vendo.
As piadas levadas ao pé da letra, a pão-durice de Julius, a arrogância de Rochelle e o azar de Chris fazem dessa série algo que se adaptou muito bem ao gosto do público brasileiro. Se ela tivesse o mesmo sucesso que teve aqui nos Estados Unidos, ela teria um final decente.
Citações de Todo Mundo Odeia O Chris:

  • Rochelle: Quem quer brincar de arrumar a droga dessa casa????
  • Tonya: Mãe, cadê o Chris? Rochelle: Eu falei pra ele me obedecer, mas ele não me ouviu. Bati nele até ele ir pro espaço. Só volta na quinta!
  • Julius: Quer dizer que eu não vou ganhar a TV??? 
  • Malvo: Eu quero ir pra escola, sentir o cheiro dos livros, quero brincar com as crianças, fazer bagunça. Chris Rock: Parece o diário do Michael Jackson!
  • Presidiária: Tá aqui por quê? Rochelle: Arranquei fora o nariz do meu filho.
  • Rochelle: Garoto, PÁRA DE ESTUDAR PRA VOCÊ IR BEM NA PROVA! 

Confesso que no tempo em que estava na casa dos meus avós, o Chris era uma das minhas poucas conexões com o mundo real, e principalmente com a música, o que é um grande trunfo da série. Eu via para poder ouvir as músicas que eu estou tão habituada a ouvir. O Chris Rock coloca algumas piadas mais políticas também, principalmente esculachando o George Bush.
Um dos meus episódios preferidos é o do dia de Ação de Graças. Primeiro, pela paródia explícita à série 24 horas, que eu amo de paixão. E, no final, quando Chris lê sua redação sobre o que ele seria grato nesse feriado, ele arrebenta:

  • Portanto, neste dia de Ação de Graças, eu sou grato por NÃO ser um cidadão nativo americano. 


Mas, na verdade, se você reparar bem no título do post, essa não seria a resposta correta. As três coisas que me impedem de jogar a TV pela janela são: 
  1. Minha mãe ia me matar se eu fizesse isso;
  2. Precisamos da TV para assistir DVDs;
  3. Na minha janela tem grade.



Um comentário:

sueli lima disse...

adorei seus comentarios,aliás tenho os mesmos pensamentos em relação a tudo que vc escreveu,para acrescentar uma...não gostei do ultimo cap.do csi, quando matam o melhor amigo do gil, simplesmente voltam a repetir tudo de novo e vc não acredita eu assinei tv a cabo e adivinha estão repetindo desde o começo a série e já esta passando a 19 temporada sem o gil só a sara sem comentarios de amor que continua fora do trabalho enfim não se sabe se vingou o amor dos dois,quanto a serie eu odeio o cris...(eu odeio o cris)chega de REPETIÇÃO SOCORRO...a tv esta uma b....
grata sueli